Há alguns dias, Mike Leah conquistou um feito impressionante ao vencer o Main Event do WPT Fallsview, no Canadá. Além de vencer seu primeiro título do Evento Principal da série, o canadense obteve o quarto título em cinco anos nessa mesma etapa.
Em 2014, 2015 e 2017, ele já havia vencido um mesmo evento paralelo do WPT Fallsview, fazendo valer o “fator casa”. Esse último título, no entanto, vai sempre contar com um asterisco ao lado, pelo menos para parte da comunidade do poker.
Isso porque, no momento em que foi formado o heads-up contra Ryan Yu, Leah tinha 39 big blinds contra 90 big blinds do adversário. Os jogadores, então, decidiram fazer um intervalo, não programado na estrutura do torneio, para discutir um acordo.
Na volta do intervalo, ficou claro qual era o acordo. Yu aumentou para 4.000.000 do botão e foldou quando Leah foi all in de 4.695.000 no total. Nas mãos seguintes, Yu seguiu dando grandes raises e foldando para o all in de Leah, até que Leah confirmasse a vitória.
Assim que o torneio acabou, começou a discussão nas redes sociais. Nomes como Dan O’Brien e Matt Salsberg questionaram a validade da vitória, dizendo que Leah “comprou” o título e o troféu. Outros jogadores, como David Eldridge, Justin Bonomo e Mike Matusow, defenderam Leah, dizendo que acordos são comuns nessa situação.
Formada a polêmica, Leah escreveu um longo post no Facebook explicando a situação. Segundo ele, ao ser formado o heads-up, Yu ofereceu uma divisão do prêmio de acordo com o número de fichas, com o título ficando com Leah, que levaria também o buy-in de US$ 15 mil para o Torneio dos Campeões do WPT.
“Eu tive a chance de ser responsável e não apenas ‘flipar’ por 150K, além de ganhar um título de WPT, um lugar no Clube dos Campeões, entrada no Torneio dos Campeões e o meu quarto título em Fallsviews nos últimos cinco anos”, escreveu Leah. “Como eu poderia não concordar com isso?”
Leah ainda explicou que a “entrega” do torneio foi feita da forma mais óbvia possível pois os jogadores foram obrigados a finalizar o torneio, mas não queriam que houvesse acusações de trapaça ou algo do tipo. A ideia era deixar claro que um acordo foi feito. “Não queríamos desrespeitar nenhuma das partes envolvidas, mas estávamos celebrando nossas ‘vitórias'”.
Ele continua: “não é como se eu fosse um bilionário que comprou sua vaga em um clube exclusivo… Eu tive que batalhar em um field de 517 entradas para estar entre os dois finalistas e ganhar respeito suficiente do meu oponente para ele fazer um acordo que me deu a vitória e tudo que ela traz sem precisar ceder nenhum dinheiro a mais”.
O vice-campeão Yu se pronunciou no Twitter, dizendo não ver problema no acordo. “Basicamente eu não queria a vaga de 15k e o troféu é legal, mas por qualquer razão eu não ligo muito para isso. Nós valorizamos diferentes aspectos da vitória (e Mike deveria valorizar o título mais, já que tem muito mais conquistas) e eu achei que estava sendo generoso, quem liga? Ele tinha uma vantagem gigantesca heads-up, onde eu sou um ‘fish’ e ele ainda tinha 40 bbs no stack”.
Ou seja, enquanto Yu garantiu um prêmio generoso, que refletia sua vantagem em fichas no momento, Leah também faturou bem e ainda levou a glória do título e de tudo que ele inclui. “Tomamos uma decisão que representou os nossos interesses”, resumiu Leah, apesar de admitir que a conclusão do torneio pode ter sido constrangedora para o WPT e a mídia que cobria o evento.
Apesar de toda a polêmica, que fez desse o assunto mais falado na comunidade do poker nos últimos dias, não é a primeira vez que algo assim acontece. No próprio WPT Fallsview de 2017, Darren Elias e David Eldridge admitiram ter feito algo semelhante e que não recebeu tanta repercussão. No High Roller do EPT Praga, isso também aconteceu, com William Kassouf levando o título, mas Patrick Serda faturando o maior prêmio.
E você, o que acha dessa situação? Títulos podem ser incluídos em acordos ou devem ser sempre disputados nas mesas? Opine!