Enquanto nomes como Marcelo Mesqueu e Affif Prado, os dois primeiros colocados do ranking do BSOP, prometem um ritmo intenso de jogo no BSOP Millions, Rodrigo Garrido, o quarto colocado, revelou uma estratégia diferenciada. Participando do BSOP Curitiba, Garrido revelou que, dependendo da situação do ranking, não pretende fazer multitable na última etapa do ano.

Campeão Brasileiro de 2014, ele contou que prefere focar nos torneios em que estiver jogando, buscando os títulos que podem fazer a diferença nessa fase final. Além disso, sendo um dos jogadores brasileiros mais acostumados a jogar os Mixed Games, ele pretende aproveitar a vasta seleção de modalidades do Millions para buscar os pontos nos jogos menos conhecidos.

Para quem pretende aproveitar a pressão dos pontos para apertar Garrido durante as bolhas, o craque avisou que vai jogar ‘para frente’, buscando chegar nas primeiras posições, onde os pontos são mais generosos. Garrido ainda revelou que dificilmente a definição do ranking trará surpresas. Confira na entrevista.

Rodrigo Garrido – BSOP100

Rodrigo Garrido – BSOP100

Sendo o quarto colocado no ranking, como você pretende buscar os líderes?

Eu estou em quarto, bem emparelhado com o Affif e o Gini, só o Mesqueu que está disparado. Esta etapa foi muito ruim para gente que está atrás, porque praticamente não teve paralelo. Não lembro de um BSOP, desde 2014, que eu fiquei um dia sem jogar um torneio. Aqui eu passei no Main Event na quinta e na sexta não tinha paralelo. Eu sei que é por causa do tamanho do salão, mas foi muito ruim para quem está atrás na briga, porque menos torneios, menos pontos em disputa, menos chance de tentar chegar. Se não der para encostar aqui, a gente sabe que os quatro já chegam no Millions na briga e os outros que estão no Top 10, se alguém for bem aqui, ainda pode encostar e chegar lá. Então acredito que no Millions vamos ter seis ou sete pessoas ainda brigando pelo ranking, tentando nos primeiros dias jogar todos os torneios, e nos últimos dias devemos ter uns quatro com chance, igual foi ano passado. Lá em 2013, quando o Grow ganhou, e 2014, quando eu ganhei, chegaram dois na disputa no Millions, mas o pessoal viu que o ranking vale a pena, que a premiação é grande, que é um título importante você ser considerado Campeão Brasileiro de Poker, então a tendência é que ano após ano cheguem vários na briga.

Com uma grade tão recheada no Millions, o cansaço te preocupa?

Preocupa muito, porque você tem que estar com a condição física em alta, a condição psicológica em alta, tem que estar muito bem. É muito difícil e muito caro, porque você tem que jogar muitos torneios, então provavelmente, se nada mudar no cenário do que está hoje, que não deve mudar muito aqui em Curitiba, não vou fazer multitable lá. Minha ideia vai ser sentar, jogar menos torneios e focar, principalmente nos Mixed Games, que vai ter torneios específicos, de poker fechado, Omaha Hi-Lo, o Deuces Wild, quer dizer jogos que as pessoas às vezes não estão acostumadas. Como eu estou muitos pontos atrás dos primeiros, não adianta eu querer fazer vários ITMs pequenos ficando sit out e fazer ponto pequeno, tenho que fazer ponto grande logo para passar, então vou fazer uma estratégia diferente do que fiz o ano inteiro.

Rodrigo Garrido – BSOP100 Foz do Iguaçu (Crédito: Carlos Monti)

Rodrigo Garrido – BSOP100 Foz do Iguaçu (Crédito: Carlos Monti)

Estando na briga pelo ranking, você acredita que os adversários estão sendo mais agressivos contra você na bolha?

Acho que não, mas até mesmo se fizessem isso seria errado, porque às vezes você está pro ranking e não quer só fazer ITM. O que vale são os pontos de uma mesa final, um top 3, então necessariamente só o ITM não é o que pesa. Às vezes, eu vejo alguns jogadores que pensam nisso, até tentam apertar, mas é pior para eles. É lógico que a gente não vai inventar na hora da bolha e entregar os pontos que estavam garantidos, mas em uma situação de dúvida a gente vai para cima, porque dobrar na hora da bolha é mais importante do que só fazer ITM e ‘morrer no blind’ como a gente fala.

Como você se prepara, fisica e psicologicamente, para o Millions?

A gente vai um dia antes, para dar uma descansada, acordar bem no dia. A grade eu já montei, já sei mais ou menos os torneios que vou jogar a cada dia, mas lógico que isso vai mudando conforme você passa para o Dia 2, tudo depende de como vão estar os pontos até lá. Sei que vou jogar todos os torneios Mixed, o 8-Game, até por serem fields menores e nem todos os meus adversários jogam esses jogos com a mesma frequência. No Main Event vou dar um ou dois tiros no máximo, não ficar preso lá, porque não compensa.

Com tantos pontos em disputa no Millions, você acha que podemos ter alguma surpresa no ranking?

Acho que não, porque ao mesmo tempo em que tem muitos pontos em disputa, é muito difícil você fazer ponto, porque os fields são muito grandes. Então, no critério que é feito o ponto hoje, dá 40 pontos para o ITM e só aumenta quando você está ali 27, 18 left. Então você pega um field de 600, 700 pessoas, como é a maioria dos paralelos, é muito difícil buscar. Realmente tem muito ponto em disputa, mas é muito difícil você fazer eles, vocÊêcravar um torneio ou mesa final, que é onde está o grosso dos pontos. Por isso que não vai fugir desses quatro ou cinco, na minha opinião, é claro.