Anthony Barranqueiros é, sem dúvidas, um dos principais nomes no cenário atual do poker brasileiro. Campeão do LAPT Rio e dono da “tríplice coroa latina”, o craque esteve presente em Montevidéu para a segunda etapa da “Libertadores do Poker” e comentou sobre sua fase, as mudanças pós título e a chegada do festival ao Panamá.
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Como é para você voltar a um LAPT como campeão?
Dá um peso muito grande, né? Porque você não está mais vindo como “putz, estou inaugurando o meu LAPT”. Não, é meu segundo LAPT, e eu estou vindo como último campeão, então é uma parada que é muito louca. Você já vem com uma expectativa maior, você já vem com uma expectativa dos outros maior, então é um peso muito grande, mas é o tipo de peso que é o que eu aceitei para minha vida quando eu decidi ser jogador de poker porque, querendo ou não, quando você acaba atingindo um certo sucesso no que você faz, você acaba recebendo uma certa expectativa do povo e etc, de quem te acompanha.
Então é algo que eu não tenho problema com isso. Eu aceitei de bom grado. Vim querendo buscar o bi, fazer o Back to Back e defender o título. Infelizmente no poker a gente sabe como é, faz parte do jogo, segue o baile, e agora vamos focar no ranking, né? A gente está, provavelmente, em primeiro ainda no ranking. Somamos uns pontinhos hoje pra continuar seguindo na briga e vamos ver como vai ser lá no Panamá.
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Mudou algo nas mesas depois do título conquistado no Rio?
Mudou um pouco, eu percebi os “tiozão” querendo jogar um pouco mais, 3betando uns J4s contra mim, etc, o que é normal, né? Você é o atual campeão, a galera fica com uma certa vontade de ganhar de você, principalmente a galera mais recreativa, os tiozões que não aceitam os jovens serem melhores do que eles. É uma parada normal. Já passei por situações parecidas e todas as vezes foram iguais e essa não foi diferente. Então tive que adaptar um pouco o meu jogo, eu acho que o segredo, principalmente do live, é você se adaptar contra quem você está jogando e perceber como o field reage a você tendo acabado de sair nas mídias como o atual campeão do evento. Então, é uma questão de adaptação ao que você está passando no momento.
Eu acabei explorando várias situações onde eu pude over betar o segundo par e tomar call de A-High. Então são situações que a gente consegue explorar e aproveitar. Tem muita gente que fala, “Ah, o tiozão me pagou com não sei o que lá”, cara, aproveita o tiozão que tá te pagando com nada, beta terceiro par contra ele, ele vai te pagar e você vai receber a ficha, só não blefa (risos). É uma questão de se adaptar ao momento que você está vivendo, se adaptar o field, se adaptar à quantidade de fichas que você tem, se adaptar a tudo, se adapte.
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O que você tem de lembrança do LAPT?
Eu lembro de querer jogar e não ter idade (risos). Mas assim, no geral era muito massa. Eu acompanhei quando o Sbrissa cravou, acompanhei quando o Caio Hey cravou em cima do Sbrissa, então era um torneio que almejava muito jogar. Eu tinha muito o sonho. O último que eu acompanhei foi o Yuri cravando no final de 2015, se não me engano. Eu vi ele cravando e falei “cara, eu quero jogar”. O Yuri já era um grande jogador, mas não era nem perto do cara que ele se tornou hoje em dia, a referência que ele se tornou pro Brasil.
Desde lá a gente já podia ver o grande jogador que ele era e tudo mais. Ele ficou com uma desvantagem enorme no heads-up, se eu não me engano chegou a ficar com 4 blinds e conseguiu virar. Ele dava raise fold com 7 blinds no heads-up, foi uma parada que começou a abrir um pouco a minha mente. Foi o ano que eu comecei a estudar o jogo e aos poucos fui virando profissional, pois não teve aquele gatilho “vou virar profissional”, não, eu jogava, queria melhorar e de repente eu ganhei muito dinheiro com isso. Nem tinha saído da escola e estava ganhando mais que um salário mínimo no mês, então pensei “vou viver disso. Legal”. De repente eu fui querendo me aprimorar mais e a cravada do Yuri no LAPT foi um dos booms que me deu esse incentivo. Na época eles tinham o Sensei Poker, então eu fui atrás de conhecimento da minha maneira, pelo que minha idade me permitia naquela época e graças a Deus deu muito bom.
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Qual a importância da volta do LAPT para o cenário do poker latino americano em geral?
É muito importante. Eu fiquei muito chateado quando eu finalmente pude ter idade para jogar e nesse mesmo ano o LAPT sumiu. Então eu falei “meu Deus, será que eu nunca vou realizar o sonho de conseguir jogar e ganhar o LAPT?” Aí quando voltou, eu fiquei sabendo no Millions do ano passado, eu falei “preciso”. Já comprei a passagem, comprei tudo, estava até com minha namorada do lado. Eu falei, “meu, essa viagem a gente tem que ir, cara, porque não tem como, né. O torneio que eu sempre sonhei em jogar.”
Aí como que eu vou falar que eu vou ganhar o primeiro LAPT que eu vou jogar, sabe? Eu estava com um feeling muito bom, falava “vou ganhar aqui”, mas é aquela coisa, né? Para acontecer de fato é um caminho muito longo. E depois aconteceu isso [a cravada], o que é muito louco. Eu satelitei até o pacote, talvez eu nem fosse porque a temporada de Vegas não foi das melhores, então eu estava jogando um pouco mais barato. Aí acabei satelitando e pensei “Já que estamos aí, vambora”. E aí deu tudo certo.
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Foi um torneio que foi um pouco fora da curva, pelo fato de eu não ter perdido nenhum all in que participei. Estando na frente ou atrás, eu não perdi nenhum, nunca vi isso acontecer. Nunca passei por esse tipo de coisa, então parece que de fato era pra acontecer. Então, a volta do LAPT é muito importante para para os latino-americanos também porque tem o EPT, tem o APPT, cadê o nosso continental? É uma parada que almejava. Eu tinha um título regional, tinha um nacional, cadê o continental? Eu fico muito feliz de ter voltado, eu fico muito feliz de ter ganho, fico feliz pelo público brasileiro e latino-americano por ter o LAPT de volta. Agora, a expectativa é correr atrás desse ranking, tentar buscar um futuro bi, não sei, são sonhos distantes. São sonhos longos, mas são os sonhos que nos movem, né? Então a gente vai correr atrás deles com certeza.
A próxima etapa será no Panamá. O que você achou da escolha? Pretende jogar?
Vou jogar, com certeza. Não vou ficar me pressionando, criando expectativas, vou deixar as coisas fluírem. Acho que quando eu estou mais leve, mais calmo, as coisas vão fluindo naturalmente. Quando eu fico com essa pressão em cima de mim, as coisas não fluem, e quando eu simplesmente estou leve, estou jogando pelo amor que eu tenho pelo jogo, as coisas fluem legal. Então é isso que eu quero transparecer e trazer para mim. Eu quero simplesmente jogar pelo amor que eu tenho o jogo.
E o Panamá cara, para ser sincero, eu passei lá em trânsito diversas vezes, mas eu nunca conheci a cidade em si. Eu tinha uma imagem completamente errônea de lá e agora eu vou poder ter a oportunidade de conhecer a cidade. Eu sempre passei e nunca conheci de fato. Então eu acho que vai ser muito legal, fora que lá é o principal trânsito para ir visitar minha família no Canadá. É capaz que eu vá para lá e de lá eu já fique pelo Canadá, vamos ver o que que vai acontecer. Acho que vai ser bem bacana, estou muito empolgado.
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