Ela é low profile nas redes sociais, mas é conhecida por todos os jogadores e jogadoras regulares que frequentam o circuito do Brazilian Series of Poker. Ela não é jogadora, mas coordena onde os campeões e as campeãs irão jogar e em quais modalidades. Lara não é coach, mas entende como ninguém o funcionamento de uma estrutura que contempla milhares de players. Nascida no interior de São Paulo, esta paulista é formada em Turismo pela PUC de Campinas e é uma mulher vivendo um estilo de vida móvel e desterritorializado. O Pocket Poker desta semana conversou com Lara Bruno, Diretora de Operações do BSOP, casada com Devanir Campos, Diretor Executivo do BSOP. O casal, que tem um filho pequeno, viaja pelo Brasil para a realização das etapas do torneio da série brasileira. Segundo Lara: “tenho a felicidade de trabalhar lado a lado com meu marido, o DC. Isso, por incrível que pareça, ajuda muito, pois viajamos juntos. Levo meu filhote para todo o lado, circuito afora, e trabalho com uma equipe tão fantástica, que posso me considerar uma sortuda pela rede de apoio que tenho”.

Lara nos conta: “sempre trabalhei com eventos. Já fiz de tudo, desde congresso em Angola até casamentos para mais de 1000 convidados. Nos bastidores de um evento itinerante como o BSOP, há muitos desafios e, para quem gosta de trabalhar com eventos, é realmente muito gratificante colocar cada uma das etapas de pé. Ao longo dos anos, foi muito desafiador transformar um torneio de poker em um grande evento”. Essas relações sociais nas sociedades ocidentais contemporâneas favorecem certos comportamentos e demandas familiares, pois as escolhas são múltiplas e reversíveis. O que no passado era coletivamente tomado a cargo das instituições, como a família, a escola ou o trabalho, passa, aparentemente, a ser cada vez mais da responsabilidade da própria mulher, que tem o dever de assegurar o seu próprio destino, e foi o que Lara fez depois do convite de Igor Federal, seu primo, para organizar o Prêmio Flop, em 2009. A autonomia, o espírito empreendedor e o sentido de auto responsabilização aparecem como qualidades requeridas dessa mulher empreendedora e visionária, bem como sua disponibilidade à mudança, à mobilidade, à adaptabilidade a novas condições, à permanente evolução, indutora de certa plasticidade adequada à circulação num mundo social onde o poker é dominado por homens.

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Essa identidade pós-moderna de Lara Bruno preenche o espaço entre o “interior” e o “exterior” – entre o mundo pessoal e o mundo público, “costurando” a mulher à estrutura. Esse processo produz uma Lara pós-moderna, que não possui uma identidade fixa ou permanente. No cenário do BSOP, na vida dela, a identidade feminina torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada continuamente em relação aos anos de trabalho itinerante. É nesse sentido que podemos falar de uma desterritorialização incessante do pensamento; não sobre as essências, mas sobre uma multiplicidade de acontecimentos que saltam do estado de coisas na vida do próprio casal. Em nossa análise, o pensamento e o estilo de vida nômade, muitas vezes, são aqueles que surgem do encontro com o impensável, com o imprevisto, sem que esteja remetido a uma experiência vivida ou representada; mas, é conduzido apenas pela criação, pelo advento do novo, e é assim que, ano após ano, eles viajam nosso Brasil, colocando as etapas do BSOP em pé e em pleno funcionamento.

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Esse estilo de vida nômade global é caracterizado por alta mobilidade. Viajando de um estado para outro, seus laços com um ponto fixo de origem diminuem. Lara Bruno pode permanecer em qualquer local durante alguns dias a várias semanas, mas, no final, ela sempre seguirá em frente pensando na próxima etapa do torneio e da própria vida. Muitas jogadoras viajam o circuito também e Lara nos aponta uma de suas referências: “Uma mulher que admiro muito, que não é jogadora profissional, mas corre o circuito, é a Beth Silva, uma mulher guerreira, sempre de bem com a vida, que nos ajuda sempre que pode na divulgação da nossa modalidade, que se aproximou do poker por acompanhar o filho e acabou se apaixonando também”.

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Elas se concentram em experiências, felicidade, autodescoberta e bem-estar, por isso a consolidação do torneio Ladies na grade permanente do BSOP é uma vitória. Para a maioria dos nômades globais, viajar é uma paixão, e uma das competências desse estilo de vida é ter a habilidade necessária para trabalhar na estrada, e isso Lara prova que tem há muitos anos, pois sua capacidade e seu trabalho são inquestionáveis pela comunidade do poker brasileiro. Nômades globais como a Lara e Devanir também possuem “passaportes culturais” através do BSOP; o que lhes permitem circular livremente pelo nosso país levando alegrias e emoções aos poker players em cada canto desse nosso imenso território. O estilo de vida nômade global ainda desafia muitas das normas e ideais dominantes nas sociedades ocidentais, incluindo a ideia de estar enraizada em um só lugar.
Por fim, temos a dizer que as raízes desse casal que fez e continua fazendo história são totalmente móveis e eles desembarcam com toda estrutura de uma das maiores séries de poker do mundo em São Paulo, semana que vem, contemplando a comunidade de poker brasileira com um grande evento que ocorrerá entre os dias 26 de novembro e 5 de dezembro no WTC Sheraton, o BSOP Millions. Nosso itinerário como nômades do poker tem parada obrigatória semana que vem! Até lá!