Na manhã desta sexta-feira (1º), a comunidade brasileira acompanhou, com certa tristeza, a vitória de Dan Cates no US$ 50.000 Poker Players Championship da WSOP. Isso porque do outro lado estava Yuri Martins, que novamente fez história para o poker nacional com o vice-campeonato no que é, para muitos jogadores, o evento mais prestigiado do poker mundial.

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No entanto, a vontade de ver o craque paranaense novamente ser campeão na WSOP não deve servir para diminuir o feito do norte-americano. Afinal, pelo segundo ano consecutivo, “Jungleman” venceu um dos torneios mais difíceis da série, mesmo tendo dedicado quase toda sua carreira aos cash games, sem tanta experiência em torneios. Isso tudo jogando fantasiado todos os dias e, para muitos, falando demais, mas o assunto é a habilidade do profissional, não seu comportamento.

Com a vitória, Cates empatou com Brian Rast como bicampeão do torneio, sendo superado apenas por Michael Mizrachi, dono de três títulos do PPC. No entanto, apenas “Jungleman” venceu por dois anos seguidos, além de ter disputado praticamente apenas este torneio, sem um “grind completo” no verão. Cates ainda declarou, para quem quisesse ouvir, que seria bicampeão, cumprindo uma promessa das mais difíceis.

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A dificuldade do PPC envolve não apenas o buy-in de US$ 50 mil, que já garante um field dos mais complicados. O prestígio do evento, único da WSOP que possui um troféu especial como prêmio, também leva as principais estrelas do poker mundial às mesas. Além disso, com o revezamento de nove modalidades, é impossível vencer o evento sem ser um jogador completo e conhecedor das diversas variações de poker. Em 2019, “Jungleman” ficou em sexto no torneio.

A conquista de Cates pelo segundo ano seguido pode ser comparada com o feito absurdo garantido por Adam Friedman no ano passado. O também norte-americano conquistou um “back-to-back-to-back”, ou seja, venceu por três vezes seguidas o mesmo torneio, o US$ 10.000 Dealer’s Choice Championship. Foi a única vez na história da WSOP que alguém foi tricampeão do mesmo evento em edições consecutivas. O torneio, ainda que não chegue ao nível de prestígio do PPC, também atrai um field de peso e exige extrema versatilidade e habilidade.

Isso porque o formato reúne nada menos do que 20 modalidades. Por outro lado, os jogos não se revezam continuamente, mas são escolhidos pelo jogador no botão. Assim, a tendência é que, conforme o torneio afunile, as mesmas modalidades se repitam, não sendo necessário ser um especialista em todos esses tipos de poker. Em 2022, Friedman não garantiu o tetra no evento, mas garantiu seu quinto bracelete ao vencer o Evento #22.

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Em termos financeiros, é claro que não há comparação. Os três títulos de Friedman renderam cerca de US$ 850 mil para Friedman, enquanto Cates faturou mais de US$ 2,4 milhões pelas duas vitórias. Em termos de números de adversários, “Jungleman” precisou superar fields de 63 e 112 entradas, enquanto Friemdan foi campeão entre 111, 122 e 93 inscrições.

Vencer por duas vezes seguidas o “torneio mais difícil” da WSOP ou por três vezes consecutivas também um evento que exige muito conhecimento? Qual impressiona mais? Quem sabe em 2023 Cates não resolva a questão.

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