Quando se fala em evolução no poker, logo vem à cabeça a ideia de discussões técnicas sobre probabilidades e leitura dos adversários, por exemplo. No entanto, existe um ponto inicial que vem antes de tudo isso e é considerado por muitos como o mais importante para quem deseja ter sucesso no jogo: a gestão de bankroll.
Bankroll nada mais é do que o seu caixa, ou seja, os fundos que você tem para jogar. Saber administrá-lo é fundamental e a primeira lição é simples, mas imprescindível: nunca arrisque mais do que você pode perder.
O poker é um jogo de probabilidades e, mesmo fazendo a jogada correta, sempre existe o risco de sair no prejuízo, por isso o dinheiro das contas nunca deve ser misturado com o do jogo. Separar uma quantia que não fará falta no orçamento vai garantir mais diversão e muito menos estresse nos panos.
Definido o valor do depósito, é hora de planejar como alocar o dinheiro nas mesas, e isso depende do nível de buy-in e formato dos jogos que você pretende disputar. Aqui não existe consenso ou proporção ideal, mas uma regra básica é ter, pelo menos, 100 vezes o valor do buy-in pretendido.
Isso quer dizer que com US$100 de caixa você deveria jogar partidas de até US$1, mas esse é apenas um número guia, pois o gerenciamento pode ser mais conservador ou agressivo. Para o craque André Akkari, por exemplo, 40 buy-ins é o número mínimo. "O jogador perfeito jamais, jamais, jamais, joga fora do seu bankroll, ele sempre tem no seu caixa pelo menos 40 vezes o valor dos buy ins que eles esta dando."
Indo aos extremos, com US$100 você poderia optar por arriscar tudo em um só torneio ou em 200 de US$0,50. Fica fácil de perceber qual das opções é a mais segura e lucrativa a longo prazo. É como no mercado financeiro: colocando todos os ovos em uma cesta você está sujeito a grandes variações, mas dividindo entre diversas opções você dilui os riscos da operação.
Outro fator que também deve ser considerado é a variância da modalidade de jogo escolhida. Disputas hyper-turbo ou torneios com muitos inscritos, por exemplo, oferecem riscos e recompensas maiores e por isso exigem um caixa mais polpudo, que possa aguentar as oscilações intrínsecas a esses formatos.
Um bom gerenciamento de bankroll é considerado um tema tão importante pois, além da óbvia implicação financeira, influencia muito nas áreas técnica e psicológica. Jogando fora dos limites com os quais você está acostumado, irá enfrentar jogadores mais preparados e adaptados àquela situação. É como um clube de futebol da 3ª divisão enfrentando um da elite: o time pequeno pode até se dar bem uma vez ou outra, mas no longo prazo com certeza sairá perdedor.
Além disso, quando o buy-in representa uma porcentagem muito alta do bankroll, o jogador fica na situação comumente chamada de "money scared", ou seja, joga sob pressão pelas quantias envolvidas. Dessa forma, a habilidade do jogador fica prejudicada, pois ele está mais preocupado em ficar ITM (in the money) ou chegar na próxima faixa de premiação do que em tomar a melhor decisão possível a cada mão.
Como resumiu o profissional Ivan Ban Martins em seu post sobre o tema, "tenha um bankroll que não te coloque na pressão, que faça você manter seu A-game e que não seja uma preocupação."
Para qualquer interessado no poker, a gestão de bankroll é a pedra fundamental na construção de uma história sólida no jogo. Derrotas, bad beats e fases ruins virão e sua capacidade de administrar e absorver essas perdas é o que define quantas balançadas do barco você aguentará.
Confira também nossos outros guias, falando sobre o básico para aprender a jogar, as principais modalidades de poker, as posições em uma mesa, as diferentes estruturas de torneios e a estratégia básica para jogá-los. Se quiser levar seu conhecimento além, o CT SuperPoker é a melhor opção para aprimorar suas habilidades, com diversas vídeoaulas dadas por craques do jogo, clique aqui para conhecer.