Se no ranking geral a disputa foi tranquila no BSOP Millions, com Saulo Sabioni jamais sendo ameaçado pelos oponentes na última etapa, na disputa de Pot Limit Omaha a situação foi bem diferente. Chegando ao Millions mais de 200 pontos atrás do líder José Gaudêncio Jr., José Carlos “Belém” Latorraca teve um desempenho impressionante nos torneios da modalidade e ultrapassou o rival no último torneio de PLO da grade, se sagrando Campeão Brasileiro de Omaha de 2018.
No PLO Dealers Choice, Belém precisava de um quinto lugar para ultrapassar o jogador de Araxá (MG) e assumir de forma definitiva o ranking. No entanto, Kadu Campion também estava na mesa final, e poderia até assumir a liderança se fosse campeão do torneio. Em uma daquelas ironias do destino, Kadu foi eliminado justamente na sexta colocação do torneio, já dando início à comemoração de Belém, que garantiu matematicamente a conquista.
A temporada do paulistano em 2018 foi de altos e baixos. Nas três primeiras etapas, conseguindo dois títulos de PLO, ele disparou na liderança do ranking e se colocou definitivamente na briga pelo ranking. O desempenho não foi repetido nas etapas seguintes, o que fez Belém ser ultrapassou por Gaudêncio e Leandro Ruy, que começou o Millions na vice liderança. Acelerando na hora certa, ele fez mais de 300 pontos no Millions, terminando a temporada com 929 pontos, 94 à frente de “Gaudencinho”.
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Além do bracelete e da glória de se tornar Campeão Brasileiro de Omaha de 2018, Belém faturou também R$ 30 mil pela conquista. Em entrevista ao SuperPoker após a vitória, o jogador falou sobre a alegria da conquista, os planos para 2019, a concorrência dos adversários e muito mais.
Qual a sensação de se tornar Campeão Brasileiro de Omaha?
A sensação é de dever cumprido, você acompanhou a trajetória desde a primeira etapa, eu tive uns percalços pessoais nas três etapas anteriores, acabei não jogando poker 100% por conta disso. Nós sabemos que poker é um esporte mental, então você precisa estar bem da cabeça para poder desenvolver bem a sua habilidade na mesa. Infelizmente eu não estava, mas em compensação ainda pude recuperar tempo, me preparar para o Millions e só tenho a agradecer, porque foi um Millions intenso, mas os resultados vieram, mais de um. Então estou muito feliz, era um objetivo pessoal e só tem como comemorar agora.
Essa trajetória de começar bem, cair e depois virar no último torneio deu um gosto ainda mais especial?
Sem dúvidas, a adrenalina é muito maior. Eu acho que eu não precisava ter passado por isso (risos), mas já que passei, foi prazeroso, porque você chegar pro último torneio, em um field de mais de 100 pessoas, precisando de um quinto lugar, desde que o Gaudêncio não pontuasse. Dos últimos tempos, ontem foi o dia que eu joguei meu A-game 100% do tempo e essa foi a maior gratificação que eu tive, porque jogar sob pressão de ter, além dos payjumps naturais do dinheiro, a pressão primordial da disputa de um ranking que não é fácil. Não é todo dia que você tem essa oportunidade, então foi muito legal. Eu só tenho a agradecer a concorrência do Gaudêncio, foi ele que me motivou a ser cada dia melhor, com certeza.
No instante em que o Kadu Campion caiu em sexto, o qu você sentiu?
Emoção muito grande, porque era uma conjuntura. Nós estávamos em seis e eu precisava de um quinto lugar, desde que o Kadu, que também estava lá, não cravasse. Se caísse qualquer outro jogador, minhas chances aumentariam muito, porque eu passaria o Gaudêncio, mas eu não poderia comemorar porque teria que aguardar o resultado do Kadu. Para minha surpresa, ele acaba sendo eliminado em sexto, então era a única situação na qual eu poderia comemorar o título. Então quando ele foi eliminado, a sensação foi a melhor possível, porque era um objetivo que eu estava batalhando o ano inteiro, que estava tão próximo nas três primeiras etapas, depois ficou totalmente longe, porque chego mais de 200 pontos atrás do Gaudêncio e em uma reta de cinco torneios é difícil buscar a diferença. Acabei fazendo um Millions fantástico na modalidade, mais de 300 pontos, três ITMs, com duas mesas finais e um terceiro lugar, então sensação de dever cumprido.
Você citou o Gaudêncio, o que você poderia falar sobre seus concorrentes?
Citei principalmente ele, que é um garoto do bem, um ser humano fantástico. Ele tem muito ainda a evoluir, tenho certeza que no próximo ano vai estar brigando novamente, você vê que ele ficou vice-campeão tanto no ranking de Mixed, quanto de Omaha. Imagino que a sensação para ele neste momento não foi tão boa, mas só tenho parabenizá-lo, pois foi ele que me motivou a estar melhorando. De Floripa pra cá eu me dediquei mais ainda, estudei mais o jogo, para chegar em condições de buscar. Fora ele, tem o Leandro Ruy, um amigo, cara querido demais e que evoluiu demais, o Éder Ferronato que pra minha felicidade eu tinha uma vantagem suficiente, que nem a cravada dele no Omaha me alcançou, mas é um excepcional jogador, o próprio Arenstein… E uma menção especial a um cara que me chamou muito a atenção nesta reta final, eu não o conhecia, o Pablo Menezes. É um cara que precisamos ficar de olho, pois tenho certeza absoluta que no futuro próximo aparecerão excelentes resultados para ele.
Para o ano que vem, você pensa em disputar o ranking de novo?
Vou te falar a verdade, é desgastante, e olha que o ranking de Omaha não é dos maiores desgastes, porque não tem tantos eventos, mas não deixa de ser desgastante. Sinceramente, não sei. Eu quero jogar poker como fiz nos últimos 15 anos da minha vida pelo extremo prazer de estar em uma mesa de poker. Se nas primeiras etapas as coisas forem fluindo, pode ser que eu volte a focar, mas sinceramente quero aproveitar o momento, porque não sei se haverá outra oportunidade.
Há 15 anos no poker, como você disse, você imaginava que o jogo tomaria esta proporção?
Nem no meu sonho mais otimista. Eu sou jogador antes mesmo do BSOP, participei das primeiras etapas, fields de 40, 50 jogadores. É gratificante para um amante do esporte como eu quando vejo a proporção que o poker tomou no nosso país. Nós estamos hoje vendo um evento como esse, onde você tem um Main Event com mais de 3 mil jogadores, todos os torneios batendo o garantido, alguns dobrando, então imaginar o que existia lá atrás é muito gratificante. Tenho certeza absoluta que ainda é só o começo, temos muito o que crescer, vamos crescer exponencialmente, e eu apostaria justamente no Omaha. É uma modalidade que está caindo no gosto dos brasileiros, uma modalidade que diverte demais as pessoas, então vamos aguardar os próximos episódios.
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