Andrew Neeme é o pioneiro quando o assunto é vlogs do poker. Ele foi o primeiro a ganhar notoriedade utilizando o formato de gravar suas sessões de cash game e, posteriormente, comentar as principais mãos. Esse modelo cresceu nos últimos anos, tendo nomes como Brad Owen, Ethan Yau “Rampage” e Mariano como alguns dos destaques. No último sábado, Neeme fez uma reflexão importante sobre a criação de conteúdo.
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Tudo começou com uma enquete de Marle Spragg no Twitter, perguntando: “Criadores de conteúdo: qual é a proporção ideal entre fazer conteúdo que você realmente gosta e fazer o que o algoritmo gosta?”. Em outras palavras, fazer o conteúdo que tem vontade ou então aquilo que trará audiência, seguidores, fama e, eventualmente, dinheiro?
Neeme claramente falou do fundo do coração, em um texto que pode servir de inspiração para novos criadores que se sentirem perdidos na mesma questão. Hoje com 177 mil inscritos em seu canal, sendo embaixador do WPT, um dos sócios do The Lodge Club, no Texas, e com o nome consolidado, ele possui mais liberdade em seus conteúdos, mas nem sempre foi assim.
Confira o texto na íntegra
“Essa pergunta [da Marle] é provavelmente a que me trouxe mais estresse durante minha carreira como criador. Quando comecei a fazer vídeos para o Youtube, estava cansado de apenas jogar poker. Eu vivia disso porque amava aspectos do estilo de vida, mas nunca amei a teoria do jogo/estudos/competição. Naquela época, também havia uma falta de foco no que o estilo de vida era para um grinder de poker ao vivo em limites médios. A vasta maioria da mídia de poker focava em cash games high stakes e torneios super high rollers.
Eu estava assistindo aos vlogs de Casey Neistat e vi o que ele conseguia fazer na plataforma do Youtube, e a maneira como criava histórias, gerava valor, e a criatividade que ele inseria através da seleção de cenas, edição, design de som… O meu próprio cansaço com o grind se misturou ao exemplo que ele deu, em um momento no qual havia um buraco no cenário da mídia de poker. Eu sou um procrastinador, então considerei fazer um vlog por provavelmente 6 meses ou algo assim, até que finalmente tentei e fiz algo.
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A minha parte favorita de criar os vídeos sempre foi capturar os aspectos do estilo de vida, as cenas e os personagens em torno do grind de poker. O que deveria ser óbvio já que, como mencionei, a teoria do jogo nunca foi o que me deu faíscas pelo poker. Encontrar uma trilha de música que encaixa com o clima de uma filmagem do Aria à noite após uma sessão me dá 10x mais prazer do que compartilhar uma mão bem jogada naquela sessão.
O problema que surgiu disso foi que, segundo as estatísticas do Youtube, a audiência não está cansada de me ver jogando cartas. A audiência quer mais tempo na mesa. Você pode ver quais seções a audiência mais pula, e sempre foram as partes na qual eu estava sendo criativo. Essas partes são subejetivas – talvez a seleção musical seja legal para mim, mas alguma porcentagem das pessoas achem que é ruim, ou eles não se importam com cenas – então eles pulam para a ação de poker. O Youtube não gosta desses saltos. Ele recompensa e recomenda baseado em retenção.
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Assim, a atitude natural para eu tomar como um Youtuber profissional é dar à audiência o que ela quer: mais mãos de poker! Eles não as pulam, eles pulam para elas. Maximize a ação de poker, minimize o resto das coisas e o Youtube te recompensará. O que é o exato oposto de por que eu comecei a criar. No grande esquema das coisas, isso é um assunto irrelevante. O vlogger de poker quer colocar suas filmagens de drone no vídeo, mas debate se há mãos suficientes com AKo na sessão. Hilário. No entanto, os vídeos demandam tanto trabalho. São 15 horas por vídeo só de edição!
A melhor resposta para essa enquete é 100/0 [100% de conteúdo que você gosta/0% de conteúdo para o algoritmo]. É a que eu escolhi. Mas não é o que fiz. Eu gostaria que eu tivesse autoestima suficiente para isso. Funcionou incrivelmente bem e continua a funcionar. Eu sou extremamente grato por como tudo aconteceu. Mas as questões permanecem quando você é um criador”.
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