O primeiro grande resultado brasileiro no circuito ao vivo em 2019 veio com um dos principais nomes do país no ano passado. Com a 10ª colocação entre as 1.039 entradas do PokerStars Players Championship, maior torneio de US$ 25 mil da história do poker, Pedro Padilha faturou US$ 328.500 e ultrapassou a marca de US$ 700 mil em premiações live na carreira.

No entanto, se engana quem acha que o profissional considera o resultado o melhor da carreira. Competitivo, Padilha explicou que tem mais orgulho de suas vitórias em séries online, mesmo levando prêmios menores do que o conquistado nas Bahamas. Nos feltros virtuais, sob o nick “PadilhaSP”, o jogador já conquistou mais de US$ 4,5 milhões em resultados, incluindo três títulos de SCOOP (Spring Championship of Online Poker).

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Em entrevista a Victor Marques, direto das Bahamas, Padilha falou sobre o resultado no PSPC, a sensação de ter uma torcida tão grande, o apoio da esposa, os próximos passos da carreira e muito mais. Confira.

Pedro Padilha - PokerStars Players Championship

Pedro Padilha – PokerStars Players Championship

Você chegou aqui com Platinum Pass, jogou o torneio, pegou mesas difíceis, conta como foi sua caminhada
Peguei uma mesa difícil, mas não muito, mas difícil perto do que estavam as outras mesas do torneio. O field era muito bom, bastante fácil mesmo, a reta final mostrou isso, mas o problema é que a mesa difícil foi bem na hora da bolha, do começo do Dia 3 ao meio do dia, o momento mais tenso do torneio provavelmente. Mas assim que estourou a bolha eu runnei bem, consegui alavancar o stack e as coisas ficaram mais tranquilas.

O que passava a cabeça sobre esse torneio, pois você nunca tinha jogado um de US$ 25 mil né?
Não, foi o primeiro de US$ 25 mil, já joguei alguns de US$ 10 mil, mas de 25 foi o primeiro

E como é jogar um torneio de US$ 25 mil? Igual jogar um de US$ 25 (risos)…
Exatamente (risos), é mais um torneio. Mas claro que é um baita torneio, legal demais, é o que eu estava falando, foi provavelmente o torneio que eu mais me diverti jogando poker na vida. Em momento nenhum senti pressão, nem tenho que sentir, trabalho todo dia para isso, para jogar esses torneios, me preparo há bastante tempo e me dedico muito pra isso.
Sinceramente, o torneio foi exatamente como eu achei que seria. Não o resultado, mas no sentido de eu sentar e jogar o que sei jogar, tomar minhas decisões. Acho que todas elas foram as melhores, não saio do torneio com nenhuma mão que acho que podia ter jogado diferente, acho que fiz exatamente o que tinha que fazer. Também saio sem tristeza nenhuma de ter tomado uma bad beat, faz parte igual já tomei em vários torneios. Não posso chegar aqui com o espírito de ser só mais um torneio na hora de jogar e não ser só um torneio na hora de cair. Eu me preparo para jogar os torneios e nas viagens que faço estou lá disputando grandes prêmios, nas retas finais, nas séries online a mesma coisa, então sei que no longo prazo estarei chegando em grandes premiações e trabalho duro para isso.

Como foi ter a energia da torcida ali? Você que já está acostumado a trazer bastante gente pra torcida, muito querido pela comunidade, como foi subir na mesa da TV e a turma toda estar ali.
Foi muito legal, uma sensação muito boa mesmo, mas em relação à torcida a melhor sensação que eu tive foi dos meus amigos da vida inteira, meus irmãos que convivem comigo há tantos anos, desde criança, eles no grupo torcendo, mandando print que estavam assistindo, comentando. Mesmo a maioria deles sem entender absolutamente nada de poker, mas todos na energia positiva, postando coisas no Instagram, acho que essa foi a melhor sensação que tive de torcida. Lógico que a sensação dos meus amigos que vivem de poker estarem aqui é muito boa, mas esses eu sabia que estariam ali. Mas os que não acompanham tanto, acompanhando desde o Dia 3, assistindo a mesa secundária da TV, mandando mensagem, isso pra mim foi sensacional.

Isso é um divisor de águas na sua carreira ou nada muda?
Não é um divisor de águas de forma alguma. É um momento importante, que eu preciso repensar algumas coisas, reavaliar os próximos passos, mas nada muda. Voltando para o Brasil estarei lá jogando online, próximo BSOP estarei lá do mesmo jeito. Não quero pensar em nada agora do que vai mudar ou não, estou no meio de uma série grande, com muitos torneios ainda, já peguei mais um ITM no National, então só quero pensar no futuro quando essa série aqui acabar.

Gostaria que você falasse sobre a Amanda, sua esposa.
É minha esposa, não precisa falar mais muita coisa. Ela me apoia demais, está junto comigo para tudo, consegue compreender muito bem essa correria toda, essa vida louca de profissional de poker. Isso faz uma diferença muito grande, me dá uma tranquilidade muito grande para trabalhar. Ela é minha parceira de tudo, da vida, do bar, da balada, de viagem e de torcida no poker também…

Mesmo sendo palmeirense (risos)…
Mesmo sendo palmeirense, nisso ela não é minha parceira de jeito nenhum, somos adversários e seremos sempre. Lá em casa é um torcendo contra o outro, eu pego muito mais no pé dela do que ela no meu, lógico (risos), porque sou muito chato mesmo e todo mundo sabe. Mas é isso, ela é minha grande parceira nessa vida e nossa história é bem recente, tem dois anos aí e os melhores momentos ainda estão por vir. Estou muito feliz que ela está aqui comigo e muitos outros momentos virão.

Teve uma frase no final do torneio, quando estávamos saindo com aquela cara um pouco fechada, e eu lembro de você falar “foi o melhor resultado da minha vida, mas ainda estou um pouco queimado”. Passou essa sensação, esse gosto um pouco agridoce?
Queimado eu não fiquei, juro por Deus que não. Eu não queria que tivesse acontecido aquilo, é ruim tomar três outs ali, ainda mais em um spot onde eu ainda tinha muitos outs, é um gosto amargo, eu tinha ciência de que eu era o melhor do field naquele momento. A estrutura apertou muito, estava muito turbo, mas provavelmente era onde eu tomaria ainda mais as melhores decisões, porque todo mundo está muito menos acostumado a jogar essas estruturas, então o gosto é muito amargo.
Por isso que eu não gosto muito dessa parada de que é o melhor resultado da minha carreira. Os melhores resultados da minha carreira são meus títulos de SCOOP, eu tenho três, esses são os melhores. Esse é um grande resultado, minha maior premiação, mas não é o melhor resultado com certeza.

Pedro Padilha - PokerStars Players Championship

Pedro Padilha – PokerStars Players Championship

Você encontra consolo em uma outra frase sua que eu acho muito bacana, falar “é isso ou acordar 7h da manhã para trabalhar no banco”…
Exatamente, é isso ou voltar a vender Nextel, então é isso (risos). É o que eu faço, estou acostumado demais com isso, tanto não sinto pressão quanto não penso ‘sou o maior azarado do mundo, podia ter resolvido minha vida’. Minha vida eu resolvi quando bati na porta do Akkari e ele me deu a primeira oportunidade, que eu sentei a bunda na cadeira e trabalhei que nem um maluco para ser um bom jogador de poker e continuo fazendo isso até hoje. Foi quando eu tomei essa decisão que eu mudei minha vida. Vários outros prêmios podem vir a melhorar, mas a minha vida já mudou há seis anos.

Como faz pra, depois de tanta emoção, adrenalina e uma premiação grande, voltar o foco para as outras mesas, jogar os blinds baratos e tudo mais. Você já fez no PCA National, passou a bolha até tomando cerveja ali do lado da mesa (risos), uma coisa que pouca gente viu, mas o olhar da imprensa está lá, achei fantástico. Como é voltar a jogar os primeiros níveis de blind, construir o stack, como é voltar para a realidade?
É o que eu faço todos os dias, é mais um dia de trabalho, não muda. Sentou, é outro torneio, outras decisões. Eu até comentei que ontem eu fui dar um blefe no torneio de $1.000 e tenho certeza que fiquei muito mais nervoso do que um muito grande que dei na reta final do torneio, não sei porque. Eu sou muito tranquilo para jogar também, não me estresso por nada, é retomar. Vou começar outro torneio com o maior prazer, amarradão de jogar o blind 100/200 e começar uma nova história, eu amo fazer isso então está longe de ser um problema para mim.

Parabéns, eu queria deixar registrado aqui porque pude relatar algumas conquistas suas, a sua caminhada também coincide com a minha, de certa forma, e é um prazer estar aqui contando essa história para o Brasil inteiro, obrigado.
O prazer é meu.

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