Nas últimas horas, as redes sociais de poker foram à loucura com uma jogada que rapidamente se tornou uma das maiores, se não a maior, polêmica do ano no meio. Uma mão disputada entre Garrett Adelstein e Robbi Lew durante o Hustler Casino Live (HCL), programa de cash game high stakes, gerou suspeitas de trapaça e dividiu opiniões entre os principais nomes do poker mundial.
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Primeiro, é preciso saber a ação completa da jogada. Os blinds estavam em US$ 100/200/400, com big blind ante de US$ 400, e a ação rodou em fold até Adelstein, que estava no terceiro blind e aumentou para US$ 3 mil com 87s. Lew havia feito um straddle de US$ 800 e decidiu pagar com J4o. O flop trouxe T99, com duas de paus, dando um straight flush draw para Adelstein, que c-betou US$ 2.500.
Lew tinha o J de paus, e decidiu pagar. O turn foi um 3 de copas, e Adelstein seguiu com a agressividade, apostando US$ 10 mil. Lew tinha apenas J-high, mas optou por fazer um miniraise para US$ 20 mil. Adelstein segurava apenas 8-high, mas tinha um combo draw forte. Assim, optou por transformar sua mão em um semiblefe, indo all in de US$ 129 mil efetivos. Lew pensou por alguns minutos e decidiu pagar por todas suas fichas. Como é comum em cash games, os jogadores não mostraram suas mãos imediatamente, optando por esperar a conclusão do board.
Os dois concordaram em bater o river duas vezes e, mesmo possuindo 53% de equidade, Adelstein não encontrou ajuda do baralho. O primeiro river foi um 9 de ouros, e o segundo um A de espadas, dando a Lew a vitória nos dois boards com J-high e o pote de US$ 269 mil. Adelstein abriu sua mão, ainda sorridente, mas ao ver o showdown da oponente, imediatamente mudou de expressão. O profissional viu a adversária abrir seu J4o, tendo pagado quase US$ 130 mil sem nenhum draw e perdendo até para possíveis blefes. A simpatia se transformou em suspeita de que algo não estava correto. “Você parece que quer me matar”, brincou Lew, não recebendo reação do oponente. Após mais de um minuto em silêncio, Adelstein falou: “O flop foi bet/call, o turn foi bet/raise/shove/call… Eu não entendo o que está acontecendo”.
Assista ao vídeo completo da mão
Imediatamente, o chat da transmissão foi à loucura, e muitos nas redes sociais começaram a levantar a possibilidade de trapaça. Afinal, a jogada realmente pareceu esquisita. Por outro lado, um call estranho vindo de um recreativo não é novidade no poker. Logo depois da mão, Adelstein deixou o jogo, claramente suspeitando de que algo estava errado. Horas depois, em seu Twitter, o profissional escreveu um longo texto sobre a jogada e deu mais detalhes do que aconteceu nos bastidores na sequência, aumentando ainda mais as suspeitas por uma decisão curiosa de Lew.
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No texto, Adelstein explicou porque achou a jogada de sua adversária tão esquisita, tecnicamente falando, que só poderia significar trapaça, levantando a possibilidade do uso de dispositivos que vibrem para indicar quando o jogador tem a melhor mão, ou uma possível invasão no sistema de leitura das cartas. O norte-americano disse que assistiu também outras sessões jogadas contra Lew, na qual não encontrou decisões similares da adversária, e foi categórico ao afirmar que possui convicção de que foi vítima de trapaça na mão em questão. “A única coisa que tenho certeza é que há zero chance de que os donos do HCL estejam envolvidos”, ressaltou.
Após deixar a mesa, ele conversou com Ryan Feldman, um dos donos do programa, que sugeriu uma conversa a três, incluindo também Lew. Adelstein teria explicado seus argumentos e dito para a adversária que a jogada seria assistida por milhões de pessoas, pois se tornaria viral nas redes sociais. “O rosto dela derreteu quando eu disse isso, claramente percebendo pela primeira vez no que havia se metido”, escreveu o jogador. Na sequência, Lew se ofereceu para devolver o dinheiro que havia ganhado no pote, proposta aceita por Adelstein. “Eu nunca pedi por um reembolso. Eu nunca nem considerei pedir, porque seria uma óbvia admissão de culpa por parte dela. Mas uma vez que ela ofereceu, é claro que vou aceitar meu dinheiro de volta após ter sido claramente trapaceado”.
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Lew também se pronunciou em seu Twitter, confirmando que devolveu o dinheiro do pote, mas negando qualquer trapaça ou atitude ilegal. “Eu fiz a leitura do cara e fiz um hero call após ele shovar em um brick no turn. Superem. Eu vou dizer novamente como já disse antes: não vim para brincar. Aja corretamente Adelstein. Ou não. Eu já superei. Vou ganhar isso de volta de qualquer maneira.” Na sequência, em outro post, ela afirma que a devolução do dinheiro só aconteceu após ter sido intimidade pelo oponente.
“Garrett me bloqueou”, escreveu a recreativa. “Parece culpado. Que homem honesto. Ele me colocou em um canto e me ameaçou. Se ele tem coragem de me dar aquele olhar fatal nas câmeras, imaginem como é fora das câmeras. Eu fui tirada do jogo e forçada a falar com ele em um corredor escuro”. Em vários posts, ela reforçou que não fez parte de nenhuma trapaça, tendo apenas achado que seu adversário não possuía uma mão forte e indo com sua leitura.
As opiniões da comunidade foram extremamente divididas. Muitos tomaram o lado de Adelstein, que se baseia apenas na estranheza da jogada e no fato de Lew ter concordado em devolver o dinheiro, sem outras evidências. Do outro lado da questão, há vários argumentos a favor da jogadora. Como, por exemplo, o fato de essa ter sido a única mão “fora da curva” disputada por ela em toda a live. Outro ponto levantado é de que, mesmo estando à frente, ela estava basicamente flipando pelo pote contra Adelstein. “Se ela estivesse trapaceando, porque salvaria isso para uma única mão onde dá raise com pouca equidade e vai all in com 47% de chances de vencer? Deveria haver outras mãos suspeitas”, disse Vanessa Kade.
Para Daniel Negreanu, também não houve trapaça. “Após assistir ao vídeo, eu acho que ela só foi muito fundo na jogada, ficou frustrada e pagou. Não acho que sua reação durante ou depois pareça como algo maldoso.” Max Silver, por outro lado, escreveu: “Acho que você lidou com isso perfeitamente, na minha opinião, isso é incrivelmente perturbador”. O fato de Adelstein ter aceitado o dinheiro de volta, em uma situação na qual uma possível trapaça está longe de ser provada, também foi alvo de críticas.
E você, o que pensa da situação? Lew simplesmente fez uma leitura perfeita ou, de alguma forma, sabia que estava à frente? Houve trapaça? Opine em nossas redes sociais.
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