Dentre os quatro principais concorrentes ao título, apenas um pode ser Bicampeão Brasileiro de poker: o craque Rodrigo Garrido. Campeão em 2014, ele é presença quase que certa em todas as etapas do BSOP, incluindo, é claro, o BSOP Millions.

Mesmo conhecendo o field e praticando o poker em alto nível, ele sequer teve chances nos dois anos seguintes. Agora, tendo essa grande oportunidade de alcançar um feito inédito e que poucos atingirão, o profissional se motiva e traça uma estratégia diferenciada para buscar o feito. Confira.

O título do ranking é o seu principal objetivo no BSOP Millions?

Sem dúvidas, eu jogo o BSOP desde que começou, em 2006, e estou presente em quase todas as etapas. O Millions não começou lá, mas desde o seu início eu adoro jogar, venho sempre pelos grandes fields e premiações. E no ano de 2014, cheguei com chance no ranking e acabei vencendo, esse ano que estou na briga de novo, eu vou focar no ranking. Claro que, naquele ano, eu estava em primeiro e agora estou em terceiro, mas com chance vou disputá-lo. Vou jogar os torneios, tentar ir bem e ser lucrativo, mas escolhendo os torneios que eu vejo que tenho uma chance maior de pontuar e não necessariamente só os que pagam o prêmio maior.

Rodrigo Garrido – BSOP Curitiba

Rodrigo Garrido – BSOP Curitiba

Você já traçou uma estratégia para buscar esse objetivo? Irá fazer multitable?

Eu fiz uma previsão dos torneios que vou jogar. Acabei deixando alguns de fora, principalmente os torneios com o field muito grande, como o Start-Up. No primeiro dia, tinha o High Roller de um dia e o Omaha Hi/Lo, preferi o Omaha, pois nessas modalidades de Mixed Games eu tenho ido bem no BSOP e os fields são menores, por isso, imagino que seja um torneio mais fácil de chegar. O Main Event eu não vou deixar de jogar, até porque a pontuação é o dobro e o prêmio é grande, então tem que jogar, mas apesar de ter feito todo o cronograma com todos os torneios, conforme for indo bem em um e outro, isso pode acabar alterando. O multitable vou tentar evitar ao máximo, até porque eu não preciso fazer vários ITM’s, preciso cravar um ou dois torneios pra tirar a diferença pro líder do ranking. Farei isso mais pro final e nos torneios de Omaha, que não possuem ante, de resto a ideia é não fazer.

Diferentemente dos seus concorrentes, você não jogou o 1-Day High Roller e o Start-Up. É exatamente para fugir dos fields grandes e aproveitar a edge no torneio de Omaha?

Exatamente, pois os fields grandes, por exemplo, o Start-Up, tem muitos jogadores e muitos jogadores fracos também, até por causa do buy-in, que é mais barato. Fazer ITM nesse torneio não seria algo muito difícil, mas depois que você chega à premiação, para aumentar os pontos é só quando está na reta final, teria que ficar um dia e meio, até dois, jogando para tentar aumentar a pontuação. Nisso, eu posso jogar quatro ou cinco torneios nesse período, que, entrando no ITM, pouco tempo depois já consigo aumentar a pontuação, por isso acredito que consigo somar mais pontos. Como não estou em primeiro do ranking, minha estratégia tem que ser diferente, pois qualquer ponto pequeno que ele fizer vai aumentar a vantagem, já eu não, preciso buscar essa vantagem grande para o Mesqueu.

Curiosamente, no ano passado, Rodrigo Zidane estava na mesma posição que você no início do BSOP Millions e acabou sendo Campeão Brasileiro, isso é um motivo para acreditar na busca do ranking?

Ele estava em terceiro e o nome dele é Rodrigo, se eu conseguir ganhar esse ano vai ser engraçado, pois dos últimos quatro campeões brasileiros, três serão Rodrigo, duas vezes comigo e uma com ele no ano passado. Mas em 2016, a diferença era muito pequena entre os quatro primeiros, esse ano, como o Marcelo Mesqueu cravou o Main Event sem fazer acordo, a diferença é bem grande. Temos que aceitar isso, entender que ele é favorito demais, que o Affif [Prado], [Paulo] Gini e eu somos zebras. O Affif até menos, por estar em segundo com uma boa diferença para nós, mas eu vim pro Millions como zebra para ir atrás e tentar cravar dois paralelos, para embolar e ir pro último dia com chances.

Rodrigo Garrido – BSOP100 Foz do Iguaçu (Crédito: Carlos Monti)

Rodrigo Garrido – BSOP100 Foz do Iguaçu (Crédito: Carlos Monti)

Ser o primeiro bicampeão brasileiro é outra motivação que o faz buscar esse título?

É uma motivação gigante, pois eu ganhei em 2014 e, nos demais anos, não tive nem chance, joguei as primeiras etapas e fui mal, acabei não me obrigando a ir em todas e cheguei no Millions sem chances pro ranking. Então, mesmo eu sendo um jogador que joga todas as etapas, que conheço o field e, mesmo assim, não consigo estar na briga todos os anos. Se esse ano, que estou na briga e, por ventura eu voltar a vencer, para termos outro bicampeão poderá passar 10 ou 20 anos e isso ainda não ter acontecido. Para eu voltar a ter essa chance, pode passar alguns anos e não terei essa oportunidade novamente, pois é muito difícil mesmo, tem que dar tudo certo no ano inteiro e chegar no Millions e dar certo também. Se eu conseguir esse feito, ficarei feliz para o resto da vida, pois acredito que será muito difícil ser alcançado.

Você é um jogador que corre o circuito nacional e já participou de diversas etapas. Disputar o BSOP Millions realmente é diferente?

É bem diferente! Os fields são gigantescos, exemplo é essa disputa do ranking, pois todo mundo acho que, por ter vários torneios, são diversos pontos em disputa e que a briga está aberta, mas não é. Com os fields grandes, é muito difícil de você chegar, mais difícil ver um jogador chegar em duas ou três mesas finais, coisas que nas outras etapas é mais fácil de acontecer. Por isso é que vou focar nos torneios Mixed Games, onde os brasileiros ainda não estão acostumados e nem todos realmente sabem jogar, por isso os fields acabam sendo menores, além de ser um pouco mais fáceis, pois pegamos jogadores na mesa que não sabem a regra, estão treinando e aprendendo, acabam se registrando para brincar. Como eu já jogo a muito tempo, além de saber a regra, estratégia e estar acostumado com a modalidade, vejo uma vantagem muito grande nisso.

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