Às vezes, nas mesas de poker, é fácil se sentir como o ser humano mais azarado do universo. Tomar aquele um out no river ou uma bad beat runner runner pode desafiar a fé de muitos, dando aquela sensação de que o baralho te odeia e que as coisas só não funcionam para você.

Bom, qualquer um que está no poker há tempo suficiente sabe que isso não existe. O baralho não tem preferências. No longo prazo, os jogadores passarão por situações de muito “azar” e também muita “sorte”. Para quem ainda não aceita isso, o SuperPoker traz números impressionantes para colocar a questão em perspectiva.

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O assunto foi abordado pelo matemático Yannay Khaikin em uma animação do TedEd. Khaikin faz os cálculos para mostrar que, em um baralho de 52 cartas, o número de sequências diferentes em que elas podem ser arranjadas é de um 8 seguido por nada menos do que 67 zeros, ou 80,000,000,000,000,000,000,000,000, 000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000,000

O número pode ser difícil de compreender, mas a conclusão de Khaikin ajuda. “Em qualquer momento que você pega um deck bem embaralhado, você quase certamente está segurando uma sequência de cartas que nunca existiu antes e pode nunca existir novamente”.

Se você não está impressionado, uma postagem do profissional americano Ryan Laplante sobre o número mostra o quão gigante é a aleatoriedade de um baralho.

Ryan Laplante – WSOP 2018

Ryan Laplante – WSOP 2018

“Imagine que você embaralhe um deck uma vez por segundo, todo segundo. Você embaralha 86.400 vezes por dia. Você está na linha do Equador, virado para o leste. A cada 24 horas (86.400 embaralhadas), você dá um passo (de um metro) para a frente. Você segue embaralhando, segundo após segundo, se movendo um metro por dia.

Após cerca de 110.000 anos, você terá andado um círculo completo em volta da Terra (Eu sei: você não pode andar sobre a água. Ignore essa parte). Quando você completar uma volta na Terra, tire um copo (250ml) de água do Oceano Pacífico. Então, comece tudo novo, embaralhando uma vez por segundo, todo segundo, dando um passo a cada 24h. Quando você der uma volta na Terra pela segunda vez (mais 110.000 anos), tire outro copo de água do Oceano Pacífico.

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Eventualmente (após aproximadamente 313 quadrilhões de anos, ou cerca de 22 bilhões de vezes a idade do universo), o Oceano Pacífico terá secado. Nesse momento, encha o Oceano Pacífico com água novamente e coloque uma folha de papel no chão, recomeçando o processo. Eventualmente, sua pilha de folhas de papel será grande o suficiente para chegar na Lua. Eu acho que dá para entender que, nesse ponto, os números ficam muito difíceis para compreender, mas levaria um tempo muito muito muito muito grande para a pilha chegar nesse nível.

Assim que você criar uma pilha de folhas alta o suficiente para chegar na Lua, jogue tudo fora e recomece o processo, embaralhada a embaralhada, metro a metro, copo d’água a copo d’agua, folha de papel a folha de papel. Assim que você tiver atingido a Lua um bilhão de vezes, parabéns! Você agora completou 0.00000000000001% do caminho para embaralhar de todas as formas possíveis.

Moral da história: o site não quer te pegar. Você não tem a pior conta. Foque apenas no que você pode controlar para destruir no jogo”.

Se depois de tudo isso, você ainda preferir focar em reclamar do baralho ao invés de tentar melhorar seu jogo, talvez seja hora de procurar um hobby com menos aleatoriedade.