É impossível ser um grande jogador de poker sem muito treinamento, esforço e dedicação. Por isso, nada mais simbólico do que trazer para o maior evento de poker da América Latina um grupo de pessoas que chegaram longe pelos seus próprios méritos e através de muito suor.
O Desafio dos Atletas uniu esportistas olímpicos e paralímpicos, formando uma grande festa para marcar o fim de um ano que foi muito especial, com a realização da Rio 2016. Entre os olímpicos, estavam presentes Rodrigão e Fofão, do volêi, Maurren Maggi, do atletismo, Felipe Claro "Alemão" e Arthur Bergo, do Rugby, Gustavo "Grummy", do pólo aquático, e Bianca Rodrigues, do hipismo.
A lista dos paralímpicos contou com Israel Stroh, do tênis de mesa, Yohansson Nascimento e Verônica Hipólito, do atletismo, Renato Leite, do vôlei sentado, e Mizael Conrado e Sandro Rodrigues, do futebol de 5. O jogador de poker Vinny Silva também entrou na festa.
O bicampeão olímpico Mizael Conrado em ação
Mizael é considerado um dos melhores jogadores da história do futebol de 5 e possui duas medalhas de ouro na modalidade, mas já não atua mais na seleção, hoje realizando um trabalho fundamental como vice-presidente da Cômite Paralímpico Brasileiro (CPB). Ele foi um dos responsáveis pela produção do baralho especial que é utilizado no torneio, que possui a carta e o naipe marcados em braille.
"Fiquei muito feliz porque há algum tempo a gente trabalha para que o baralho oferecesse condições de jogar um torneio maior, oficial, já estamos trabalhando nisso há alguns anos", explicou Mizael. "Felizmente veio o convite do Igor [Federal] e do DC que possibilitou que a gente avançasse na produção desse baralho e deu certo. Normalmente, em outras partes, os cegos jogam com alguém cantando as cartas. Acho que é o primeiro evento de grande porte em que um cego vai jogar com autonomia, ele próprio vendo suas cartas".
Ele explica que o braille normalmente é furado nas superfícies, o que acabava prejudicando a integridade do baralho. Surgiu então a ideia de realizar a impressão utilizando uma resina similar à usada em cartões de visita. "Na primeira experiência a máquina era muito quente e deformou a carta", contou. "Daí a gente veio testando e surgiu a ideia de deixar no molde apenas a extremidade em que vão ser colocados os pontos. Deu certo, o baralho ficou perfeito e a gente vai jogar com essa autonomia. É legal jogar de qualquer forma, mas ter essa autonomia de ninguém ter que cantar as suas cartas e você mesmo poder ver é muito legal."
Detalhe das cartas adaptadas para o torneio
Se Mizael disse já ter praticado o jogo com amigos em outras oportunidades, Fofão admitiu sorrindo que fazia sua estreia nas mesas. "Estou conhecendo hoje, eu vejo pela televisão, assisto alguns jogos, mas nunca tive a oportunidade de jogar", contou. "Não tenho muita ideia não, vou aprender tudo hoje mesmo e seja o que Deus quiser (risos).
A lendária levantadora da seleção brasileira de vôlei ficou impressionada com a estrutura do evento. "Confesso que quando entrei na porta e olhei pensei 'que loucura é isso aqui', mas depois os rapazes foram explicando como funciona e achei incrível. Vejo pela televisão mas não tinha ideia que no Brasil tivesse um espaço como esse e que funcionava dessa maneira", contou a ex-atleta.
Fofão também fez questão de elogiar a iniciativa da organização do evento. "O atleta as vezes no momento de lazer tem a oportunidade de brincar, então a gente vem aqui distrair a cabeça também e ao mesmo tempo é uma competição, cada um dentro da sua capacidade vai tentar ganhar porque é competitivo. Achei muito legal essa mistura do pessoal olímpico com o paralímpico, porque a gente nunca tem a oportunidade de se encontrar e de repente uma mesa de poker uniu todo mundo".
A lenda Fofão fez sua estreia nas mesas
O primeiro colocado do evento ainda não foi definido, mas o poker e os esportes olímpicos e paralímpicos já podem se considerar os campeões.