Presentes na vida dos profissionais do esporte da mente, as downswings são períodos em que o jogador tem perdas constantes devido à sua má sorte ou a fatores como o tilt e a influência da frustração no jogo. Esse assunto foi abordado recentemente por Marcos Epaminondas, também conhecido como “Marcos Epa”, que joga para o Samba Team.
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O craque brasileiro ficou negativo durante cerca de um ano e comentou no Instagram do time como foi passar por essa fase ruim. “Foi no auge da pandemia”, começou. “O que é curioso, pois na pandemia os fields aumentaram pois estava todo mundo em casa. Ou seja, seria o momento perfeito pra fazer dinheiro jogando poker, mas comigo foi diferente, simplesmente peguei a pior fase da minha carreira”.
Como o poker é um esporte cuja variância está presente, é normal que os profissionais separem recursos financeiros para fases não tão boas, e Marcos Epa utilizou de três deles. “Eu tinha alguns recursos que acabei usando quando precisei, foram 3”, escreveu. “1- Auxílio Emergencial (como estava em pandemia, eu me encaixava nos requisitos) 2- Vendi o carro (comprei um carro com o dinheiro que ganhei no evento do SCOOP em 2018) 3- Adiantamento com o time (Quando esses recursos 1 e 2 acabaram, mesmo com custo de vida baixo, eu não teria como me manter, então recorri ao time e eles me fizeram uns 3 adiantamentos, ou seja, além do make up, eu teria os adiantamentos pra acertar assim que passasse esse turbilhão da fase ruim)”.
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Assim como em qualquer profissão, a parte psicológica é um fator crucial na hora de obter um bom desempenho, e nas piores fases esse elemento pode ser determinante. “Imagina só você ficar sem ver a cor do dinheiro por 1 ano jogando poker, o que passa na sua cabeça?”, comentou Marcos. “Na minha passou (desistir, procurar um trabalho convencional, meu sonho tinha ido por água abaixo). Sim, em determinados momentos eu não tinha dinheiro para por gasolina no carro (carro da minha namorada, porque o meu eu já tinha vendido)”.
“Paralelo a tudo isso eu tinha um relacionamento que estava em 1 ano de namoro”, continuou. “Várias coisas passando na cabeça nesse momento delicado. Enfim, após várias conversas com os meus instrutores na época, no fundo eu acreditava que eu ia sair dessa e era só questão de tempo. Psicológico tava abalado, não vou mentir não. Por 1 ano recebendo a pergunta: ‘Como tá no poker?’ e ficar fazendo ginástica mental para dar uma resposta. Não é nada fácil.”
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“O mais incrível é que sim, essa fase passou”, contou Marcos. “Não tem escape, você que está em fase ruim, e está fazendo o que tem que ser feito, tanto no grind quanto nos estudos, uma hora vai sumir essa fase ruim. Por isso que no mundo ideal é recomendado que, para você ser profissional de poker, tenha reserva financeira, para nesses momentos conseguir aguentar as porradas”, disse ele.
“E é engraçado como o tempo ‘passa diferente’ no poker né? Tudo isso faz apenas 2 anos e meio. Hoje em dia já montei uma reserva sólida pro meu custo mensal que subiu (morei em kitnet, depois fui pra um ap e agora moro numa casa), voltei a investir para o longo prazo, conheci a galera do time no encontro ano passado em SC e estou numa fase animal, melhorando a cada dia”, finalizou. E a fase de Marcos Epa é realmente boa. Inclusive, na última segunda-feira (10), o profissional, que streama suas sessões na Twitch, puniu um slowroll feito por Felipe Phill, seu colega de time.
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