A partir de 2015, a WSOP adicionou à sua grade um evento online, que dá ao campeão todas as honras de um vencedor dos evento ao vivo, inclusive o sonhado bracelete dourado. A implementação da novidade combinou com a liberação do poker online dentro do estado de Nevada, nos Estados Unidos.

Para 2017, ao invés de apenas um evento, a WSOP criou o Summer Grind Tour 2017, aumentando para três o número de torneios online que dão ao campeão o bracelete. Os buy-ins são de US$ 333, US$ 3.333 e US$ 1.000, com os campeões sendo Joseph Mitchel, Thomas Cannuli e Nipun Java respectivamente.

O crescimento de torneios online dentro da grade da Copa do Mundo do Poker parece ser algo natural, visto que a própria WSOP se beneficiou muito do crescimento do poker online e de satélites que dão vaga para diversos de seus eventos. No entanto, argumentos também podem ser apresentados contra a ideia de que os campeões desses torneios devam entrar para o grupo de vencedores de bracelete.

Thomas Cannuli
Um deles é que os torneios online seriam mais fáceis, não em questão do nível do field, mas no esforço necessário. Thomas Cannuli, por exemplo, precisou de apenas 12 horas para conquistar seu bracelete e fez isso do conforto de casa.Enquanto isso, a maioria dos eventos exige 3 ou 4 dias de 12 horas cada e todas as questões que envolvem vir para o Rio Casino & Hotel como tempo de deslocamento, alimentação, filas para o banheiro, ar condicionado muito forte ou muito fraco, cadeiras que não são ideais, enfim, é algo mais complicado do que jogar em seu próprio lar.

Craques brasileiros e estrangeiros opinaram sobre o tema. O brasileiro Thiago Decano, que conquistou seu bracelete em 2015, acredita que os eventos online devem contar como os live. “Eu acredito que sim, são torneios que a WSOP.com tem que promover, então acho bem tranquilo fazer um evento online de bracelete”, disse Decano. “O que não pode é exagerar, três torneios está tranquilo, mas se passar muito disso acho que perde o sentido.”

Thiago Decano – Evento 73C – WSOP

No entanto, o outro brasileiro campeão mundial, André Akkari, tem uma opinião diferente. “Acho que não, acho que é diferente”, explicou. “O live é mais importante nesse caso da World Series, deveriam dar mais valor pro live do que fazer isso para promover o online. Acho que o live deveria ter um peso maior.”

Entre os estrangeiros, o tema também divide opiniões. Para Joe Cada, campeão do Main Event de 2009, a iniciativa é válida. “Eu acho que é justo”, contou. “Você ajuda a promover o jogo, faz as pessoas jogarem online, eu entendo que é uma forma da WSOP promover a sua marca WSOP.com no território. Acho legal, é só um formato diferente. Nem todo mundo é bom no online e nem todo mundo é bom no live, então dá aos grinders online uma chance melhor.”

Paul Volpe – WSOP 2017

Paul Volpe, por outro lado, acredita que os torneios online não deveriam ter o mesmo peso, destacando que não há como ter certeza da integridade da disputa. “Eu acho que não, porque existem muitas pessoas que tem a namorada ou o irmão jogando, e estão todos na mesma casa”, explicou. “Eu estava em uma casa, jogando com cinco amigos, todos sendo honestos e jogando cada um por si, mas quem garante que algum grande jogador não colocou pessoas para jogar para ele e assumir o controle caso cheguem na reta final? Não há como impedir isso. Então não acho que deveriam dar braceletes ‘às cegas’.”