Bruce Buffer nunca levou um soco ou aplicou um nocaute nos octógonos do UFC (Ultimate Fighting Championship), mas é um dos rostos mais conhecidos e, com certeza, a principal voz do evento. Ele é o responsável por anunciar os lutadores, utilizando o famoso bordão “It’s time!” para os principais duelos.
Há quase 23 anos fazendo parte do UFC, ele também é um apaixonado por poker, já tendo marcado presença em diversas edições da WSOP. Por isso, é claro que ele não perdeu a oportunidade de jogar o histórico PokerStars Players Championship, maior evento de buy-in US$ 25 mil da história, chegando até a anunciar o “shuffle up and deal” inicial com sua icônica voz e bordão.
É claro que Victor Marques, que está lá nas Bahamas, não perdeu a oportunidade de trazer este grande nome para o SuperPoker. Confira a entrevista.
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O que te motiva a continuar no octógono do UFC, já que você fez parte de todos os momentos históricos do evento?
A minha paixão. Eu sou uma pessoa muito apaixonada, pratico artes marcias desde os 11 anos de idade, completarei 23 anos no octógono neste ano e eu amo o UFC. Eu respeito e amo os lutadores, tanto homens quanto mulheres, é um evento que cresceu tanto e eu tive a experiência de crescer junto praticamente desde o começo, em 1986. Eu fiz parte desse esporte quando ele foi criado, cresceu, sofreu com problemas e depois chegou ao grande público. Em minha vida, não vi um esporte que cresceu tanto assim, talvez apenas o skate.
Qual seu lutador brasileiro favorito no UFC?
Alguém vai ficar chateado comigo se eu responder isso (risos), posso dizer apenas alguns favoritos? Os brasileiros sabem que eu os amo. Uma coisa sobre os brasileiros é que são apaixonados, e eu também sou, então eles reconhecem isso. Gosto do Anderson Silva, Lyoto Machida, que é um dos melhores seres humanos que já conheci, lutadores mais antigos, como Wallid Ismail, Royce Gracie, que tive o prazer de conhecer em 1991, na Califórnia. Ele me desafiou para uma luta e 40 segundos depois já tinha me dominado e estava me enforcando (risos).
Falando um pouco sobre poker agora, porque nunca te vimos em uma mesa de poker no Brasil, já que você já foi para lá várias vezes?
Eu gostaria de poder jogar, mas nunca tive a oportunidade de estar em um cassino no Brasil…
Não temos cassino, apenas poker, em clubes, o BSOP que é o circuito nacional…
Bom, agora que eu sei disso vocês me verão jogando poker no Brasil. Eu conheço jogadores de poker brasileiros pela WSOP, mas não sabia disso, é fantástico. Agora você me conquistou, se tiver tempo com certeza jogarei lá.
No UFC, quem é o melhor jogador de poker? Os lutadores costumam jogar?
Eu joguei poker com um lutador apenas uma vez, e ele era muito bom, foi com Mike Swick. Ele já teve muitas lutas no UFC, participou do programa The Ultimate Fighter, e é um grande jogador de poker. Tito Ortiz também sabe jogar bem.
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Qual é a maior luta que você já anunciou? Você tem uma favorita?
É muito difícil responder isso. Eu tenho alguns momentos favoritos, um deles no Brasil, quando voltamos para lá. O primeiro evento lá foi em 1997 ou 1998, e depois quando voltamos pela primeira vez, quando eu fui dizer “It´s time” e todos os fãs brasileiros gritaram junto comigo, eu não pude acreditar. Foi um momento monumental ter mais de 15.000 pessoas na torcida e pareceu que todos falaram junto comigo, eu fiquei chocado, foi memorável.
Também houve outros grandes eventos, ótimas lutas como de Randy Couture, Vitor Belfort, que é outro de meus brasileiros favoritos, Mirko Cro Cop… Essa é a beleza do UFC, você pode ver as melhores lutas. Você vê uma luta e acha que é a melhor do ano, a melhor da história, mas dois meses depois outra grande luta acontece. Então a beleza é ver esses grandes atletas nos dando sangue, suor e lágrimas no octógono com performances incríveis.
Você acredita que o poker também é um esporte?
Sim e vou te falar o porquê. Quando eu joguei na WSOP e cheguei ao Dia 5, jogamos das 12h às 00h. Eu acordava de manhã, malhava e tomava café da manhã para começar bem, mas pelo terceiro ou quarto dia, a sua resistência diminui. Então esse aspecto de resistência do esporte com certeza é um fator. Algumas pessoas dizem que não há um aspecto físico porque você está sentado na mesa e tudo mais, mas gostaria de ver essas pessoas sobreviverem a um Dia 5. É nesse ponto que se torna um esporte mental e físico também.
Você leva os torneios como um esporte ou joga apenas tentando se divertir?
Eu jogo poker para me divertir, mas para ganhar. Quando eu entro em um torneio, com uma entrada de US$ 25 mil como esse aqui, chego no salão e já me visualizo na mesa final antes de jogar a minha primeira mão. É por isso que estou aqui, não apenas para jogar e me divertir, mas para tentar ganhar. Mas também busco a diversão, porque se você acaba sendo eliminado e não premia, não fica triste, apenas aprende com os erros e parte para o próximo.
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