Enquanto a maioria dos jogadores na WSOP está em busca de um bracelete da série, existem aqueles que preferem aproveitar o movimento gerado pela Copa do Mundo do Poker para forrar em outros formatos. Uma opção, por exemplo, é grindar os satélites sit and go ao vivo para o festival e depois vender as popularmente chamadas “lammers”, fichas recebidas como prêmio. Normalmente valendo US$ 500 cada, elas são chamadas oficialmente de “Fichas de Buy-in em Torneios”.
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Nessa segunda-feira (8), no entanto, uma situação envolvendo os lammers foi alvo de revolta dos jogadores após uma decisão da WSOP. Foram diversos relatos nas redes sociais dizendo que as fichas não estavam mais sendo aceitas no caixa da WSOP se você não fosse ganhador de algum dos satélites. Quando conquista a vaga em satélite, o jogador tem seu nome registrado no sistema.
O problema é que é prática comum na série a compra e venda dos lammers entre grinders de satélite e jogadores. Ou seja, a atitude da WSOP efetivamente encerra esse mercado secundário de forma abrupta. Um dos motivos da organização seria evitar casos de lavagem de dinheiro. A revolta foi instantânea, afinal muitos já tem lammers que planejavam usar como buy-in, enquanto outros com fichas sobrando terão dificuldades em revendê-las.
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O timing foi uma das principais críticas dos jogadores, que queriam um aviso antes do início do festival. “WSOP vai ser a WSOP”, disse Melissa Burr. “Esse é um dos maiores ‘fod*-se’ até hoje por parte deles. Depois de anos permitindo que as pessoas ganhem lammers de satélite ilimitados (e paguem rake) e os troquem com dinheiro para outros jogadores, isso não é mais permitido. No meio da série, anunciam isso”.
O italiano Max Pescatori foi outro a tecer críticas. “Eu sou sempre o primeiro a defender a WSOP, mas essa regra precisa ser imediatamente revista”, escreveu no Twitter o tetracampeão da série. “É absurdo mudar algo que desde o início da WSOP eu sei que é um ritual, comprar lammers das pessoas que grindam sit and go”.
Ben Ludlow também não gostou da novidade e ainda avisou que a WSOP está matando o próprio produto. “Isso é burro em tantos níveis. Existe toda uma economia construída em torno das pessoas que grindam satélites/SnG, se você começar a forçar as pessoas a usarem todo lammer que ganham ao invés de poderem vender, você vai destruir seu próprio negócio de satélites. Além disso, quase todo SnG é dividido…”
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Esse último argumento apontado por Ludlow também é importante. Não é raro nesse tipo de disputa os jogadores chegarem a um acordo no fim do torneio e dividirem os lammers. Ainda assim, um deles precisa ser registrado como ganhador do satélite, quando na verdade o valor pode estar na mão de outras pessoas, que não poderiam usar as fichas.
Segundo Kevin Mathers, que comanda as redes sociais da WSOP, o Gerente de Operações, Tyler Pipal, afirmou que a série terá uma flexibilidade com os jogadores na primeira vez. “Ele me disse que ele ou um colega nos Serviços de Jogadores poderia aprovar alguém como uma cortesia de uma única vez com fichas que não foram premiadas para aquele jogador”.
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Poucos devem ter ficado tão infelizes com a notícia quanto Carlos Welch, que neste ano conquistou seu primeiro bracelete ao vencer o Crazy Eights na WSOP.com. O americano grindou os satélites para o Main Event e já tinha ganhado quatro vagas, totalizando US$ 40 mil em lammers. É dele, inclusive, o “castelo de lammers” que é capa deste artigo. Agora, ele terá que usar as fichas em seus próprios buy-ins.
Por outro lado, ainda não está claro quão rígida será a fiscalização da WSOP para aplicar a regra nesses casos. O irlandês David Lappin, por exemplo, disse que o escândalo não procede. “Acabei de me inscrever no Main Event da WSOP com lammers mesmo sem nunca ter ganhado um deles”, escreveu nesta terça.
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