Voltei. Depois de alguns dias afastado desse blog, eis-me aqui de volta. O assunto é rápido e a abordagem objetiva.

 

Boatos

Começo com os boatos, que são as fake news na puberdade. Eles existem aqui no mundo do poker também. Ganharam uma visibilidade grande no Heads-Up de Elio Fox e Nick Petrangelo pelo evento de 100K da WSOP, como eu sempre digo, um torneio desses não tem número, é simplesemente o “Cemká”. Pois bem, alguns veículos afirmaram que houve um acordo esdrúxulo entre os dois, onde Petrangelo teria “adquirido” o bracelete.

Nenhum dos jogadores confirmou tal deal, nenhum meio de comunicação sério sequer abordou o tema. O que todos vimos foi um HU mais acelerado (raises e 3-bets no escuro), isso sim, de comum acordo entre os jogadores. Mesmo com essa fato, fica difícil cravar que houve um acerto do tipo: “Pega esse bracelete aí, dividimos e acabou.” – Provas são necessárias.

Até hoje, na conta do twitter de Petrangelo, podemos ver as respostas aos autores das matérias:

Os tweets pedem para que os artigos sejam retirados, os fatos checados e que haja retratação.

Fox também se manifestou:

Não posso acreditar que estão FINALMENTE escrevendo fake news sobre mim, é fantástico!

Não posso acreditar que estão FINALMENTE escrevendo fake news sobre mim, é fantástico!

Claro que a gente não vai acreditar cegamente no testemunho dos jogadores, mas sem evidências, registros e provas contundentes, não é possível sair falando a respeito de um acordo que deixou um bracelete de WSOP na mão do rival.

Lacres

O “Lacre” é uma expressão que surgiu com força nos últimos anos na internet. Não sou nenhum filólogo para saber de onde veio, mas a aplicação desse termo me remete a uma coisa meio anti-democrática, que quer interditar, encerrar e calar o outro lado da discussão. Uma coisa que se pretende definitiva, meio impositiva. Acho contraditório quando a expressão surge de grupos que buscam, muito justamente, visibilidade e respeito, mas a minha opinião sobre isso pouco importa.

Introduzi o tema para falar da reação a uma matéria do Gabriel Grilo, sobre uma jogadora que reclamava de ataques machistas e violentos de seus rivais na mesa, que publicamos ontem.

Foram muitos comentários contrários, que são legítimos haja visto que vivemos numa democracia. Esse mesmo ethos democrático fez com que eu e Vini Marques, no PCA -em janeiro-, fôssemos tachados do inverso de lacradores. “Machistas, fascistas, não passarão”. Disseram para nós, logo para nós -vejam vocês-, num simples comentário sobre 96% de homens contra 4% de mulheres no field, e que isso não apresentava muitas chances de igualdade. Discutiram o mensageiro e não a mensagem. Algumas pessoas sequer viram. Foram no embalo. Ok, estamos expostos e temos de trabalhar -e conviver- com as reações. Mas o intuito, ali, nunca foi interditar o fluxo cada vez mais constante de mulheres no field.

Da mesma maneira, a matéria de Gabriel Grilo, visa expor as reclamações de uma mulher perante a ataques grotescos e que deveriam ser condenados por todos. Veja, todo mundo quer um mundo melhor, desde quem sofreu bullying na escola e passou por isso tranquilo (esse foi um dos comentários que recebemos na matéria), quem diz que o mundo tá chato, que o politicamente correto tá “matando tudo”, até quem acha que “o SuperPoker tem agenda feminista”. Expor uma atitude, para dizer o mínimo, mal-educada de um jogador para com uma mulher, ou mesmo entre pessoas do mesmo sexo, não deveria ferir ninguém. A gente, não importa quem, quando, e onde, deve se levantar contra isso.

Nossa agenda é o poker, -vale a pena reafirmar-, é repercutir o jogo, os personagens, fazer notícia, transmitir torneios e sim, lutar fortemente contra preconceitos e desconstruir a imagem de um jogo de cartas onde só “caras durões” armados, em ambiente enfumaçado possam participar. Desde 2005 travamos essa batalha. Seguiremos assim, com 20 matérias diárias dos mais variados temas. Incluindo os que reivindicam o fim de preconceitos, assunto que sempre nos foi tão caro e que não pode ficar de fora das nossas pautas.

 

Aposentadorias

Hoje dizer que vai se aposentar do poker é um blefe pior do que aquele onde você dá check flop, turn e aposta 5% do pot no river. Fedor Holz, o nosso nobre Rafael Caiaffa e agora Doyle Brunson tentaram fazer a gente acreditar nessa. Não deu.

O poker não é jogo/esporte que alguém tenha que se aposentar, né? No futebol, basquete, futebol americano, rugby, ufc, o lado físico acaba determinando o fim das carreiras, mas, mesmo o poker tendo um componente físico importante para a tal “alta performance”, não é necessário virar-lhe as costas.

Doyle ainda teve a chance de se retirar nos píncaros da glória, ganhando um bracelete, mas ainda bem que ele resolveu continuar mais um pouquinho. Afinal de contas, de quem vamos falar quando vier aquele 2-T e a gente resolver ir na mão?