Por mais que a modalidade mais popular do poker se chame Texas Hold’em, o estado do sul dos Estados Unidos tem uma legislação rigorosa contra cassinos, assim como contra jogos de azar. Porém, a partir de 2019, as salas de poker começaram a crescer na região, iniciando nos arredores de Dallas. O funcionamento das casas e a expansão do novo negócio vêm provocando discussões entre os habitantes.
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Antes de tudo, é necessário entender porque os espaços para poker estão conseguindo operar. “No Texas, a maior parte de apostas é ilegal. Mas no código penal, existe uma brecha que permite o funcionamento de um clube privado sem incriminar o responsável por jogos de azar ilegais”, disse o CEO da Texas Card House, Ryan Crow, à emissora de TV NBC. “Nós temos segurança, não tivemos problemas sérios até agora. Estamos sempre em contato com policiais da delegacia de Dallas, eles sabem exatamente quem somos nós e o que estamos fazendo”, completou.
Crow ainda explica como as salas se comportam para não serem enquadradas. “Nós fazemos três coisas que são necessárias”, começou explicando. “Os jogos devem acontecer em ambientes privados, portanto, nós somos um clube privado. Nós não coletamos rake, porque a casa não pode ter retorno econômico sobre as apostas. E por fim, garantimos que todos têm chances iguais de vencer”, falou ele. Os clubes de poker do estado cobram uma taxa condizente ao tempo que o jogador passa na mesa. Assim, eles têm lucro, e sem ser proveniente das apostas em si.
O caso mais recente que vem provocando polêmicas em Dallas é o do futuro clube Champions Social. Por não serem legalizados de forma evidente, com uma lei específica, não há a necessidade das casas de poker terem permissões especiais para funcionar na região, basta uma licença comercial comum. E os investidores dessa nova sala planejam assumir o espaço de um antigo restaurante, ou seja, um lugar que já possui esse tipo de licença.
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A grande diferença do Champions Social para o Texas Card House e a grande maioria dos demais é que a localização é em um bairro residencial. Os clubes de poker já existentes em Dallas e em outras regiões do Texas funcionam em centros comerciais, shoppings ou espaços semelhantes. Para se abrir um comércio em um bairro de casas de família no estado, é necessário notificar os habitantes dos arredores, para que eles decidam se permitem o funcionamento do negócio ali ou não, após discutirem prós e contras do fato.
Essa história abriu uma nova discussão. Alguns habitantes estão passando a reivindicar uma permissão especial para casas de poker, já que para a vida dos donos de residências, ter um restaurante no quarteirão é bem diferente de ter um clube de poker. “Será um clube 24 horas, e nós certamente achamos que isso não pertence à nossa vizinhança”, disse a moradora Kimberly Shults também à NBC. Os vizinhos se uniram e fizeram protestos com placas recentemente na localidade.
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Jeremy Camp, presidente da associação de moradores do bairro, disse que a oposição ao clube está registrada. “Temos milhares de assinaturas em uma petição coletadas em apenas quatro dias”, falou. O diretor da futura casa, Brian Dagovich, declarou que o poker seria apenas uma das opções de entretenimento do novo negócio, que também ofereceria comidas e bebidas. Ainda segundo ele, o plano de funcionar 24 horas por dia está sendo reconsiderado.
Ryan Crow se posicionou sobre o assunto, demonstrando surpresa. “Fiquei admirado em saber que eles [Champions Social] tentariam abrir, porque soube que as pessoas da região não querem o clube lá. Nós não vamos à essas regiões justamente por conta disso”, declarou.
O que se vê no Texas é o reinício do poker live em uma região que tem o jogo em sua história. O começo dos processos podem ser confusos e provocar problemas, mas não resta dúvidas que há uma alta demanda por esse tipo de estabelecimento na região. “A casa está sempre lotada, todos os dias, e sempre tem uma lista de espera”, disse o membro da Texas Card House, Matthew Rosenfield. “A maior reclamação que recebemos, e eu falo sério, é que precisamos tornar a localização maior. Precisamos de mais espaço”, afirmou Crow.
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