Para quem gosta de poker, Las Vegas é uma cidade mágica, onde todos desejam estar um dia. Mas o esporte da mente não é a única modalidade presente na região. A “Cidade do Pecado” tenta cada vez mais se abrir para os grandes mercados esportivos dos Estados Unidos.
Na segunda metade do Século XX, é indiscutível que Las Vegas virou sinônimo de poker, cassinos e apostas esportivas. As principais ligas eram encaradas ali como uma ciência exata para saber em qual equipe os frequentadores deveriam colocar seu dinheiro.
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No que diz respeito a esportes profissionais de grandes apelos em escala nacional e mundial, a cidade se resumia a sediar lutas de boxe e MMA. Foi na arena do Hotel MGM, em 1997, que Mike Tyson mordeu a orelha de Evander Holyfield em um momento que ficou marcado na história.
A partir do novo século, Las Vegas abriu os olhos para as grandes ligas esportivas americanas. Na última década, a cidade se tornou sede de times de basquete, hóquei no gelo e futebol americano. E existem algumas explicações para isso.
Uma delas é que a cidade simplesmente cresceu. A população de Las Vegas mais do que dobrou desde 1992. São mais de 600 mil habitantes, e antes de receber os novos times, era a segunda maior região metropolitana dos Estados Unidos que não possuía representantes nas grandes ligas, somente atrás de Riverside (Califórnia).
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O dinheiro também falou alto nesse cenário. Ao fim da Las Vegas Strip, avenida com os principais cassinos da cidade, um grupo de investidores bancou a construção da T-Mobile Arena em 2016. O estádio recebe eventos de diversos esportes, como basquete e hóquei no gelo.
E por fim, algo igualmente relevante nessa história é o processo de aceitação dos altos comissariados das ligas sobre as apostas. Até pouco tempo, os chefões de organizações como NBA e NFL eram totalmente contra as apostas esportivas, mas agora, veem com bons olhos. “Todos nós nos envolvemos, nem que seja um pouquinho, com o mundo das apostas”, disse o comissário da liga de futebol americano, Roger Goodell, em entrevista à ESPN. “É bom para o mercado, gera engajamento”, comentou o chefe da NBA, Adam Silver, em um programa da emissora americana CBS.
O pioneirismo das mulheres: chegou o Las Vegas Aces
A inauguração da T-Mobile Arena, em 2016, foi um marco para a história da cidade no sentido de que, a partir de tal momento, Las Vegas se torna uma cidade esportiva. Ao mesmo tempo, a franquia Stars da WNBA (Liga Feminina de Basquete dos Estados Unidos) estava à venda pelos antigos detentores, baseados em San Antonio (Texas).
Como um pontapé inicial no processo de sediar não só eventos, mas sim times, a proprietária do MGM Resorts comprou a franquia, e lhe transportou para Las Vegas. Nascia ali, o Las Vegas Aces, primeiro time profissional de basquete da história de Nevada. O nome, mais do que sugestivo, simboliza a melhor mão inicial do poker: AA
Sob o comando técnico de Bill Laimbeer, o Aces recrutou a ala-pivô A’ja Wilson logo em seu primeiro draft. Em 2020, o investimento começa a dar frutos: Wilson foi eleita a melhor jogadora da temporada da WNBA.
Gelo no deserto: Vegas Golden Knights
No ano de 2017, Las Vegas provou que entrou no mundo dos esportes de uma vez por todas. A NHL (Liga Nacional de Hóquei no gelo) decidiu que iria aumentar seu número de franquias, e uma das cidades premiadas foi Vegas.
Bancado pelo bilionário Bill Foley, o 31º time da NHL foi batizado de Vegas Golden Knights, e logo cativou a população da cidade. Uma legião de fãs se formou, inclusive a lenda do poker Daniel Negreanu. O “Kid Poker” fez até parte de um grupo que se uniu para ajudar a aumentar o interesse pelo esporte na cidade e vender ingressos antecipados, mesmo antes da definição do nome. O Golden Knights rapidamente se tornou o time de uma das torcidas mais apaixonadas do país.
Para a alegria dos fãs e investidores, o time surpreendeu e, logo na temporada de estreia, chegou à final da liga. A derrota para o Washington Capitals na série melhor de sete jogos não ofuscou o sucesso da franquia no seu ano inaugural.
Time velho, casa nova: Las Vegas Raiders
Falando em torcida apaixonada, uma das mais famosas da NFL (Liga Nacional de Futebol Americano) é a do Raiders, que passou mais de 40 anos em Oakland (Califórnia). Após desencontros com a prefeitura da cidade, que prometeu, mas nunca entregou um estádio ao time, a franquia decidiu procurar uma nova casa.
Embalado pelas iniciativas em outras ligas, Las Vegas mergulhou de cabeça nas negociações e despontou como favorito após o Raiders não conseguir autorização da NFL para ir a Los Angeles. Ainda em 2016, o Comitê de Turismo e Infraestrutura do Sul de Nevada aprovou, de forma unânime, um plano de US$ 750 milhões para a construção de um novo estádio na cidade.
As conversas avançaram, e o tradicional Oakland Raiders virou Las Vegas Raiders, estreando a nova casa em 2020. Inclusive, o Allegiant Stadium, o tão sonhado estádio próprio do Raiders, custou US$ 1,8 bilhão para ser construído, sendo um dos mais tecnológicos e luxuosos do país. A franquia bancou a maior parte dos custos e, nessa segunda-feira (21/09), o Las Vegas Raiders ganhou a primeira partida da liga disputada na cidade.
O que vem por aí?
A cerimônia do Draft de 2020, o dia de recrutamento dos jogadores do futebol americano universitário pela NFL, já estava programado para Las Vegas. Devido à pandemia, o encontro foi virtual, e a cidade receberá o Draft em 2022.
A expectativa, seja dos habitantes de Las Vegas, que por tanto tempo tiveram que buscar times de outras cidades para torcer, quanto dos investidores que compraram a ideia do esporte na região, é de que o sucesso inicial das equipes prossiga e que elas conquistem títulos.
Ainda existe a chance, nos próximos anos, da cidade ter times de outros esportes, como beisebol, futebol e basquete masculino. Tudo depende da abertura das ligas quanto à expansão ou mudança de sede de alguma franquia, e do interesse da cidade (que já está mais do que evidente).
Las Vegas cresceu, e por isso conta com novas atrações, sobretudo nos esportes. Mas ela segue e sempre será o berço de um dos esportes mais encantadores do mundo, o poker.
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