Lauriê Tournier, mais conhecida como “Lali” Tournier, é uma das principais jogadoras brasileiras de poker há muitos anos. Sua carreira, já consolidada, conta com um currículo repleto de grandes resultados nos principais eventos live do mundo como a WSOP, o EPT, e o BSOP, além de diversos títulos nas principais séries online, como um bicampeonato no WCOOP.
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Antes mais adepta do estilo “low profile” nas redes sociais, Lali abriu um novo capítulo na carreira quando decidiu se tornar streamer da Twitch. Rapidamente, se tornou destaque no cenário dos streamers do esporte da mente, e a jogadora, que é casada com o também Team Pro Rafael Moraes, construiu uma comunidade de respeito na Twitch. Lá, ela interage com os fãs enquanto joga os principais torneios online, colocando-se como uma figura que trabalha para expandir e elevar a imagem do poker. Inclusive, na última segunda-feira (30), ela foi anunciada como a mais nova embaixadora da marca, juntando-se ao marido e a André Akkari como os três brasileiros na posição.
O que significa para você poder ser chamada de embaixadora PokerStars?
Nossa, essa pergunta eu deveria saber responder bem fácil, né? (risos). Até escrevi isso no meu Instagram e falei disso já, não vou mentir e falar que eu não imaginava, porque eu me imaginava. Desde quando comecei a jogar – e acho que isso [acontece] com vários jogadores, mesmo aqueles que são mais low profile, que não trabalham tanto o marketing – sempre tive o sonho de ser Team Pro, mesmo que não fizesse nada para isso na época, a gente tinha um sonho mesmo sem fazer.
Quando comecei meu canal na Twitch, eu sabia que essa poderia ser uma possibilidade, mas não era meu foco na época, não era mesmo porque eu era um pouco mais reservada nas redes sociais, não era igual o Rafael. Acho que ali eu fui construindo uma comunidade muito legal, fui me encontrando bastante e aí comecei a almejar muito mais isso.
Questão de ser referência e poder trazer um respeito a mais pelas mulheres também é algo que me motiva bastante, então ser embaixadora assim da marca, nem caiu a ficha ainda do que eu estou sentindo, mas estou muito, muito feliz, bem realizada mesmo e animada também pelo que está por vir. Não ficar só ‘agora já consegui’, não. Agora a gente tem que trabalhar bastante para fazer sentido esse papel.
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Como você enxerga a decisão de ter se tornado streamer tendo uma carreira já consolidada?
Na época – e eu já falei isso até em live – os motivos foram até meio errados. Errados que eu digo é porque toda a premiação que eu tinha na época era muito vinculada ao Rafa, por ser online, e isso me magoava bastante. Primeiro porque eu tinha várias traves em vários torneios fazendo bobagem, caindo fazendo besteira, caindo jogando mal, então teve essa questão de tipo ‘pô, vou streamar, vão ver que sou eu’.
Depois eu descobri que não, quem achar que não sou eu vai sempre achar de qualquer jeito, então isso acabou não servindo para provar nada para ninguém. A partir daí foi ótimo porque eu me encontrei, então esse foi um dos motivos pelos quais eu comecei, foi errado, eu acho que não deveria ter sido o motivo, então não vou romantizar que era outra coisa, mas ali eu me encontrei. Streamar tem todos esses pontos negativos, como de estar mostrando o jogo, de estar em um reta final e chover críticas.
Lógico, a parte boa compensa muito mais do que a parte ruim, mas até meu pai já falou mal de jogada minha no chat (risos), então tem esse lado, mas a parte boa compensa muito. Eu acho que o poker é muito solitário, então para quem não está em time e tudo mais, ter uma comunidade faz toda diferença. Até o Alan do SuperPoker se encontrou bem porque também criou uma comunidade que todo mundo assiste. Dá trabalho pra caramba pra ele fazer aquilo, mas o retorno que dá é muito bom.
Como você mesmo disse, seu perfil era mais low profile. Para você passou a ser uma coisa mais natural, estar ali, se expor mais e interagir mais com o pessoal?
Foi bem natural. Tanto que no Instagram ainda sou bem mais travada, de pegar e fazer um stories, mas na live eu não tenho vergonha nenhuma, é engraçado isso. Eu me sinto em casa ali, acho que é bem isso mesmo porque ali é meu canal, então me sinto bem vinda, quem for assistir é que quer trocar ideia. Às vezes não é só ficar falando de poker, a gente fala sobre tudo o que está acontecendo no dia porque são horas de live, não tem como ficar falando só de poker, seria muito chato inclusive.
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Você citou a questão das mulheres no poker. Como você vê o seu papel em ajudar a mostrar que no poker, seja homem ou mulher, ninguém deve nada para ninguém?
Eu comecei a ver, com a Twitch, que as vezes pode ser que vai dar mais resultado eu estar ali aparecendo e ter homens me tendo como referência do que eu ficar falando tanto do quão importante é respeitar mulher. Eu percebi isso na prática porque quando homens estão lá me assistindo, por algum motivo eles escolheram me assistir. Tem outros caras lá streamando também, mas eles escolheram me assistir, mesmo não sendo o maior número, mesmo com outras opções, eles escolheram assistir uma mulher.
Quando eles estão ali e te respeitam, acho que isso tem um impacto grande de respeitar outra mulher quando estiver jogando na mesa também porque ‘ah, se a Lali joga, se a Lali é profissional, porque que eu vou ficar falando que mulher é sempre pior na mesa e fazer gracinha?’. Eu acho que virar referência para homens também, não só para mulheres, ajuda nisso, porque às vezes a gente foca muito em ‘mulher conversa com mulher’. Eu não acho, eu acho que podemos conversar com homem porque aí esse homem vai mudar a cabeça dele e vai ver o quão natural é ter uma mulher jogando. Assim ele não vai mais diferenciar, todo mundo pode jogar.
Com esse trabalho eu acho que consegui impactar de algum jeito, aos poucos mesmo, sou otimista. A gente viu recentemente uma situação bem ruim, e toda essa situação que acontece eu e o Rafa conversamos bastante sobre, e eu acho que às vezes é difícil de entender o quanto magoa. Ele [um jogador nas redes sociais] atacou principalmente as streamers, e aí lógico que eu, como streamer, fico bem mais chateada. Igual a Dani Feitosa, que está fazendo um ótimo trabalho streamando todos os dias. Eu sei o trabalho que dá isso, e esse cara, por mais que a gente saiba que ele está falando só dele porque ele deve ter um problema consigo mesmo, acaba deixando todas chateadas. Quando acontece algo assim e a gente vê o quanto de homens também defenderam, me traz um conforto, acho que está melhorando.
Como é ser um casal de profissionais do poker? Existe um momento em que vocês não conversam sobre o jogo? Vocês tentam separar um pouco os assuntos?
A gente já tentou, mas não consegue. Saímos pra jantar e combinamos ‘hoje não queremos saber de poker’, aí não dá nem cinco minutos, quando a gente vê, já estamos falando e não sabemos nem quando voltamos a falar. Vindo para cá fazer as entrevistas, eu estava contando uma mão para o Rafa, e ele estava quieto. Eu falei ‘você não está ouvindo a mão?’, e não era nem mão minha, mas estava querendo contar para saber a opinião dele. É o tempo inteiro.
Quando eu ou ele lembramos de uma mão, a gente discute e tudo mais. E agora, na verdade, pode ser que não seja mais sobre mãos, sobre FURIA, sobre os projetos, então, é o tempo inteiro uma coisa voltada para o poker, é a nossa vida. Nem faria sentido ficar sem falar disso, mas quando a gente reúne amigos off poker conseguimos dar uma desligada, mas é difícil.
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Muitas pessoas falam que o PSPC é um torneio especial. Qual sua opinião sobre o festival?
Eu nunca tinha jogado esse torneio, e começou já com clima de festa, com os espanhóis fazendo a maior farra porque o Ramon [Colillas] ganhou pela última vez, e ele é espanhol. O clima é muito bom, para um torneio com esse nível de buy-in é muito bom de jogar também. Eu ganhei o Platinum Pass, então facilitou para que eu jogasse, mas sim, estou achando o clima muito diferente mesmo, espero que aconteça todo ano.
Atualmente você é PokerStars Team Pro, profissional consolidada e uma grande streamer. Qual o seu próximo grande objetivo no poker?
Nossa, é difícil. Eu tenho um sonho que não depende só de mim, mas depende também, quero ganhar um bracelete. Esse não pode ser o objetivo, a gente sabe que só mirar nisso e nunca conseguir, pode se frustrar, mas tem que ser um objetivo no sentido de querer evoluir cada vez mais.
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