O SuperPoker estreia hoje uma coluna muito especial. Como qualquer um que se aventura no poker percebe, o controle mental nas mesas é um aspecto fundamental para ser bem sucedido. Por isso, convidamos dois especialistas da área, com currículos de muito respeito e experiência de sobra com Poker e eSports em geral: João Ricardo Cozac e Marcos Bernardo. Ambos se revezarão na coluna, tratando dos mais diversos aspectos mentais do jogo. João estreia a coluna dando um panorama sobre o tema da psicologia do esporte. Confira:

Por João Ricardo Cozac

Inicialmente, quero dizer que é um imenso prazer assinar a coluna sobre a Psicologia do Esporte para o SuperPoker. Abordar os fatores psicológicos e emocionais numa modalidade que exige inúmeros recursos comportamentais não é tarefa das mais simples.

Antes de iniciar o tema, propriamente dito, gostaria de realizar uma pequena explanação sobre a Psicologia Esportiva. Quando iniciei meus estudos em 1989, pouco se sabia sobre essa fundamental área da preparação esportiva. Mais de 30 anos se passaram e percebo que muita gente ainda não a conhece e, por isso, cultiva imenso preconceito diante da atuação de psicólogos esportivos.

No entanto, há modalidades (como o Poker e esportes eletrônicos, por exemplo) que se apresentam com grande receptividade para pesquisas e intervenções de profissionais da área mental no esporte. No laboratório de Psicossociologia do Esporte em que trabalho e concluí meu Doutorado na USP (Universidade de São Paulo), atuamos com moderna tecnologia na preparação psicológica de atletas.

Muito dessa tecnologia vem de países como Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Canadá e tantos outros que já apostam no trabalho psicológico com a mesma dimensão e importância que as demais áreas da preparação esportiva.

Por aqui, há trabalhos belíssimos que relacionam a diminuição da ansiedade com o treinamento mental através da utilização do biofeedback – instrumento utilizado para redução da ativação interna, aumento do foco e equilíbrio da concentração. Outro instrumento amplamente utilizado nas pesquisas e intervenções é o neurofeedback. Nele, conseguimos aferir a qualidade (e quantidade) da concentração de um atleta e, através de diversos exercícios, otimizar sua performance psicológica.

A Psicologia do Esporte é, portanto, uma ciência que estuda os fenômenos psicológicos e emocionais que ocorrem antes, durante e após toda e qualquer ação esportiva – seja ela de caráter competitivo ou recreativo.

O Poker é uma modalidade que chama a atenção em várias direções do treinamento psicológico. O autocontrole emocional e cognitivo é um dos desafios que engloba variáveis comportamentais que podem ser decisivas nas ações dos jogadores. Equilibrar a emoção com os pensamentos e a ação tem sido uma das preocupações centrais dos protagonistas dessa fabulosa modalidade esportiva reconhecida pelo Ministério do Esporte em 2012.

Por esse fato, analisar e conhecer a energia de ativação de cada jogador é fundamental para que se possa criar um treinamento psicológico adequado às demandas individuais. Há jogadores que necessitam de um nível maior de ativação para manter o foco, atenção, tomada de decisão e atenção equilibrados. Já, outros, apresentam perfis de personalidade e ação que demandam menos energia interna para atingir zonas ótimas de performance durante partidas e torneios.

Ao longo da parceria com o SuperPoker, abordarei temas como a raiva, o “tilt”, foco, risco, motivação, controle mental, agressividade, confiança, autoimagem e demais variâncias que impactam direta ou indiretamente no desempenho e resultado dos jogadores.

Até a próxima!

Dr. João Ricardo Cozac. Psicólogo formado pela PUC-SP. Mestre em Educação pela Universidade Mackenzie. Doutor em ciências do esporte pelo Laboratório de Psicossociologia do Esporte da USP. Pós graduado em Psicologia do Esporte pela Universidade de Córdoba (Barcelona). Pós-doutorando em Psicologia Clínica pelo Núcleo de Pós graduação em Psicologia Clínica da PUC.  Presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte. Diretor clínico da empresa CEPPE (Consultoria, Estudo e Pesquisa da Psicologia do Esporte). Atua como psicólogo do esporte há 30 anos. Atualmente atende atletas de diversas modalidades e categorias em clínica particular.  É psicólogo do esporte da equipe do MIBR  (CS e R6). Colunista do jornal “A Gazeta Esportiva” onde assina, desde 1998, a coluna “Gol de Cabeça”. Autor dos livros “Com a cabeça na ponta da Chuteira” (ed. Annablume),  “Psicologia do Esporte: atleta e ser humano em ação” (ed. Roca), “Psicologia do Esporte, clínica, alta performance e atividade física” (ed. Annablume) e “Psicologia do Esporte: fatores de ativação mental e emocional no comportamento de tenistas” (ed. Reformatório). Atuou como psicólogo esportivo das equipes de futebol profissional do Palmeiras, Goiás, Cruzeiro, Corinthians e Ituano. Integrou a comissão técnica da Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica Desportiva. Trabalhou por dois anos na equipe da VivoKeyd onde desenvolveu trabalhos com diversas categorias do esporte eletrônico. Atende jogadores de Poker em clínica onde desenvolve atuações através de moderna tecnologia de controle mental e emocional na cidade de São Paulo.

Contato através do site do CEPPE e do email secretariapsidoesporte@uol.com.br