Poker

EXCLUSIVO: 10 perguntas para o milionário Gabriel Tavares, o campeão do “The Venom”

O craque do poker brasileiro faturou incríveis US$ 1,5 milhão, fruto de um trabalho que vem sendo construído ao longo de quase uma década

Atualizada em

© Gabriel Tavares conversou com o SuperPoker após o título no "The Venom"(Foto: Reprodução Instagram @gtavares.10)

Na última quarta-feira (30), o Brasil comemorou ao lado de Gabriel Tavares uma conquista surreal no poker online. Aos 29 anos, o sócio e head-coach do “Samba Poker Team”, foi o campeão do “The Venom”, na ACR, faturando incríveis US$ 1,5 milhão.

Dessa forma, a conquista entrou para a história, sendo a segunda maior de um tupiniquim no poker online. O jogador ainda precisou disputar os dias finais do torneio em um hotel, na cidade de Guarulhos, já que precisou desmarcar um voo para Monte Carlo.

PUBLICIDADE

Filho ilustre da cidade de Matozinhos, na região metropolitana de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Gabriel Tavares mora atualmente na paradisíaca Praia Brava, em Itajaí, no litoral de Santa Catarina.

PUBLICIDADE

O sempre solicito campeão

Logo na manhã após o título do “The Venom”, o SuperPoker entrou em contato com o jogador para uma entrevista e foi muito bem recebido. Como ele estava no meio de escalas, rumo a Europa para disputar o EPT Monte Carlo, uma troca de mensagens foi realizada.

Sendo assim, o novo milionário do poker brasileiro respondeu dez perguntas sobre o início da carreira, desafios no cenário do baralho e, claro, sobre o desenrolar da valiosa mesa final e o heads-up contra “Bow2me” na decisão do “The Venom”.

Postagem previu o futuro

Gabriel Tavares em 2020 (Foto: Reprodução Instagram @gtavares.10)

A entrevista partiu de uma postagem nas redes sociais do jogador. Em 2020, ele havia conquistado o até então melhor resultado da carreira e escreveu um bonito texto dizendo que havia decidido abrir mão de um caminho convencional.

PUBLICIDADE

“Apesar de não ser uma decisão nada fácil, cheguei à conclusão que mais vale falhar, que nunca tentar. As vezes a gente tem tanto receio, e até vergonha, de se frustrar, que a ideia de assumir riscos apavora”, escreveu Gabriel Tavares há 5 anos.

Ele finalizou aquelas linhas dizendo que as escolhas dele até então o levaram aquele momento. “Mesmo faltando muito a percorrer, não poderia estar mais feliz por elas”, comentou o craque prevendo que o melhor ainda estaria por vir.

Confira as 10 perguntas para Gabriel Tavares:

Gabriel Tavares se tornou o dono da 2ª maior premiação brasileira no poker online (Foto: Reprodução Instagram @gtavares.10)

SuperPoker: Olhando as suas redes sociais, tem um bonito texto de 2020, falando sobre a decisão de se tornar profissional de poker. Nele, você diz que chegou à conclusão que mais vale falhar, do que nunca tentar. Olhando para aquele passado, tudo valeu muito a pena? Qual foi o momento mais complicado da sua carreira de jogador de poker?

PUBLICIDADE

Gabriel Tavares: A verdade é que tudo já valeu a pena há bastante tempo. Se ao invés desse grande resultado tivesse acontecido algo catastrófico e minha carreira tivesse terminado antes de ontem, teria valido muito a pena. Viver um sonho por 9 anos é um privilégio e sou totalmente grato.

Sobre momento mais complicado, sinceramente não tive. Tudo sempre aconteceu de forma muito natural. Estar imerso em um time com a estrutura do Samba também ameniza qualquer crise.

As minhas “swings” (variações de períodos sem vitórias) não foram longas, sempre levei tudo de maneira muito profissional, então não tiveram períodos de ficar super desatualizado, ou desfocado. Tudo sempre foi muito consistente.

PUBLICIDADE

SP: Hoje consolidado como uma referência do jogo, sócio de um dos principais times de poker do mundo, quais são os projetos para o futuro?

GT: Venho em um ritmo bem forte já faz um tempo em busca de fazer com que os limites altos sejam também os mais lucrativos para mim. Além disso, investir cada vez mais tempo para me tornar um coach e mentor melhor. E ainda estar mais presente no circuito “live”, algo que já comecei esse ano.

Antes do poker e dica valiosa

SP: Antes do poker, qual era a atividade que você mais se dedicava?

PUBLICIDADE

GT: Eu era universitário. Fazia direito. Mas curiosamente nunca trabalhei em outra coisa que não foi o poker na vida.

SP: O que julga de característica mais importante para um jogador de poker? E como trabalhar ela?

GT: A palavra é consistência. No volume e ritmo de grind, além da rotina de estudos e no nível de performance. Você não precisa ser nem perto o mais brilhante, você precisa é não parar e ficar oscilando o tempo todo.

PUBLICIDADE

Sobre a histórica conquista no “The Venom”

SP: Você disputou desde o dia 2, se não me engano, o “The Venom” em um hotel em Guarulhos. Como foi essa história? Pode me explicar? Estava com a passagem comprada para Monte Carlo e desmarcou? Foi diferente fazer uma reta tão grande longe de casa? Teve problemas de instabilidade, algo do tipo?

GT: Eu tinha um voo comprado para monte Carlo na madrugada de segunda-feira (28) para terça-feira (29). Além disso, havia me classificado para o dia 2 do “The Venom”. Acabei jogando até as 3 horas da manhã. Tinha um voo logo cedo no dia seguinte.

Precisei chegar em um hotel próximo do aeroporto, na própria segunda-feira, para estar em condições de jogar o dia 2. Se tudo desse errado, eu estaria próximo do local de embarque e não perderia o voo.

PUBLICIDADE

Acabei passando paro o dia 3 e perdendo a passagem, mas com um sorriso no rosto. Foi um confinamento quase. Mas foi legal, consegui ter uma estrutura sem ter planejado.

Sobre instabilidade, até na mesa final eu tive. Mas o suporte do TI do Samba me ajudou a resolver os problemas que rolaram.

SP: Existiu algum tipo de trabalho diferente para uma mesa final tão valiosa? Como foi o Warm-up para essa decisão?

PUBLICIDADE

GT: Trabalho diferente não. As vezes o grande desafio de uma mesa final deste tamanho é conseguir enxergar ela como qualquer outra. Me reuni com o Bernardo Soares “betsoaress” e o Jessé Cesar “jessecesar” que já são dois jogadores bem bons e bem vitoriosos.

Ficamos por duas horas simulando possíveis cenários na mesa final. Discutindo bastante a parte técnica e lógica. Sai desse estudo muito confiante. Na mesa final, existiram muitos cenários parecidos com os que vimos.

O heads-up e a forra milionária

SP: Você falou na “live” do Samba após o título que a energia estava muito boa, acredita que isso realmente fez toda a diferença? Porque você amassou os adversários na mesa final.

PUBLICIDADE

GT: Quanto a fatores sobrenaturais eu não sei dizer. Mas eu tive muito aquela sensação de não estar jogando só por mim. Um estado mental bom é uma obrigação de entregar o meu melhor. Muito difícil explicar, mas fez toda a diferença.

SP: Você tinha algum conhecimento especifico do adversário no heads-up, (“Bow2me”) porque logo no começo conseguiu arrumar uma grande vantagem, foi uma estratégia partir para cima logo de cara? Como foi encarar um mano a mano longo e cheio de alternâncias?

GT: Heads-up é um jogo de brigar por potes. Em geral o mais agressivo tem vantagem. Em um cenário que ambos os adversários são agressivos, a dinâmica de stacks oscila bastante e ao mesmo tempo você precisa de se adaptar o tempo inteiro.

PUBLICIDADE

Então, sim, já conhecia ele bastante das mesas. Sobre estratégia não, foi mais uma questão de disposição das cartas e decisões que tomamos.

Mas sobre como foi, bastante desgastante com certeza. Jogar algumas mãos desfocado poderia custar muito caro. E não é tão fácil como parece manter o foco já garantindo mais de US$ 1 milhão, com tudo acontecendo ao mesmo tempo.

SP: Vai mudar alguma coisa na sua vida uma cravada dessas? Acha que a carreira será diferente em alguma coisa? Projeta algo de diferente?

PUBLICIDADE

GT: A mudança é mais do lado financeiro da minha vida que nos passos da minha carreira. Claro, que em algum momento, as duas coisas se ligam, mas para os passos profissionais o ritmo continua o mesmo.

Na minha vida pessoal, vai gerar sem dúvidas uma estabilidade absurda. O que é bom demais vivendo de um jogo com tantas variáveis.

SP: Qual a importância do Samba neste resultado?

PUBLICIDADE

GT: Esse resultado é do samba. Fui criado aqui, do zero, minhas maiores referenciais vieram daqui. Hoje carrego a responsabilidade de também exercer esse papel. Com certeza foi fundamental.

LEIA TAMBÉM