O Dia Internacional da Mulher, que é comemorado hoje, em 8 de março, é uma data para mostrar a luta do sexo feminino por igualdade de direitos em todas as áreas. No poker, elas são minoria, mas mesmo representando em média 5% dos fields, mostram a capacidade de alcançar impressionantes marcas, apesar da matemática contrária.
Desde o início da atividade no Brasil, sempre houve jogadoras que conquistaram resultados impactantes e auxiliaram na popularização do jogo entre elas. O primeiro grande feito veio com Gabriela Belisário em 2008. A mineira desbancou o field de 109 entradas e sagrou-se a primeira mulher campeã do Main Event do BSOP Belo Horizonte.
VEJA MAIS: Samba Poker Team x Guerreiros Poker Team: assista à grande final do Poker Gol
Por seis anos, a psicóloga seguiu no cenário como a única dona do feito. Mas em março de 2014 ela ganhou uma companheira: Igianne Bertoldi. A jogadora desbancou o field de 569 entradas e venceu o BSOP Foz do Iguaçu.
Após os feitos nacionais, as brasileiras começaram a ganhar o mundo e o primeiro grande resultado internacional veio em 2015. Renata Teixeira ficou com a segunda colocação no Main Event do extinto LAPT (Latin American Poker Tour). Além da forra de US$ 113.460, a paulistana teve a melhor performance de uma jogadora no circuito.
“Renatinha”, como era conhecida no meio, não parou por aí. No mesmo ano, ela alcançou mais quatro mesas finais no circuito e terminou na segunda colocação do ranking do LAPT.
Em 2017, elas mostraram o seu valor na WSOP (World Series of Poker), para os leigos, a Copa do Mundo do Poker. Vivian Saliba engatou no Pot-Limit Omaha Championship e terminou na 11ª colocação. A profissional não parou por aí, dois anos depois, ela voltou a fazer um estrago nas mesas da série mundial.
Enfrentando o gigantesco field de 10.185 entradas do Crazy Eights, Vivian se tornou a primeira brasileira a alcançar uma mesa final de WSOP, terminando na quarta colocação. Com a impressionante performance, a jogadora faturou US$ 308.888, a maior premiação de uma tupiniquim em torneios ao vivo.
Não foi só “Vivi” que brilhou na série mundial. Nos últimos dois anos, Ana Freitas foi a melhor brasileira no Ladies Event. Em 2018, a jogadora ficou na 60ª colocação e em 2019, a jornada até o bracelete parou quando restavam 77 competidores.
VEJA MAIS: Depois de oito anos, BSOP retorna ao Rio de Janeiro com R$ 3 milhões garantidos
A Europa também foi alvo das brasileiras. Em abril do ano passado, Milena Magrini enfrentou o field com 1.845 entradas e terminou na terceira colocação. Com o resultado, a profissional faturou € 135.000, na oportunidade era o maior prêmio de uma brasileira nos eventos live.
No ranking de jogadoras que mais acumulam premiações no circuito live, a já menciona Vivian Saliba aparece na ponta com US$ 589.355. Na sequência aparecem outras duas atletas que estão há anos nessa jornada: Carol Dupre e Dayane Kotoviezy, que possuem US$ 304.718 e US$ 293.145, respectivamente.
Dupré é uma das regulares mais conhecidas do Brasil, tendo uma carreira cheia de grandes momentos e muitos troféus. Entre os principais resultados, está a conquista de um dos cobiçados anéis da WSOP Circuit, vencido em 2018, no Brasil.
Kotoviezy também possui um dos anéis da WSOP Circuit, conquistado no Uruguai, e ainda possui no currículo uma mesa final de um High Roller no MILLIONS Grand Final Barcelona, em 2018. Além dos feitos nas mesas, a profissional já completou dois anos como embaixadora do partypoker.
Bem antes de Dayane representar um dos maiores sites de poker, Maria Mayrinck, a “Maridu”, já se destacava no meio. Com mais de US$ 190 mil em premiações ao vivo, ela fez parte do time de embaixadores do PokerStars.
O poder de Selbst
Ao redor do mundo, diversas jogadoras já alcançaram resultados impactantes, entre as que mais se destacam está Vanessa Selbst. Mesmo aposentada desde o início de 2018, a jogadora ainda é inspiração para diversas companheiras de trabalho e novas competidoras.
VEJA MAIS: Relembre o dia em que Isildur1 perdeu US$ 4,2 milhões para “complô” de americanos
Em junho de 2014, Selbst fez história ao alcançar o topo do ranking do Global Poker Index (GPI), um dos mais conceituados do mundo do poker. Até hoje, ela é a única mulher a alcançar essa marca, tendo ficado na liderança por duas semanas consecutivas: do dia 18 de junho até o dia 1 de julho. A americana também foi eleita a melhor jogadora do ano em 2012, 2013 e 2014.
Vanessa soma quase US$ 12 milhões em premiações nos eventos live, estando entre os 70 jogadores que mais acumulam prêmios na história em torneios ao vivo, segundo o site HendonMob. A americana lidera o ranking feminino, tendo quase o dobro de conquistas de Kathy Liebert, a segunda colocada.
Entre as principais conquistas estão três braceletes da WSOP, alcançados em 2018, 2010 e 2014. O maior prêmio da carreira veio em 2010, quando venceu o Main Event do Partouche Poker Tour, em Cannes na França. Na oportunidade, ela desbancou um field com 764 entradas e faturou impressionantes US$ 1.823.430.
No mesmo ano da maior forra da carreira, Selbst também assinou um contrato para compor o seleto grupo de jogadores do PokerStars Team Pro. A ex-profissional representou o maior site de poker do mundo por oito anos.
Até hoje, as mulheres já alcançaram em doze oportunidades uma premiação milionária nos torneios ao vivo, com nove jogadoras diferentes. As únicas que conseguiram conquistar o prêmio de sete dígitos por mais de uma vez na carreira foram Vanessa Selbst, três vezes, e a argentina Maria Lampropulos, em duas oportunidas.
Os prêmios milionários mais recentes são de Lampropulos. A hermana conquistou o título do MILLIONS Live em 2017, levando US$ 1.255.004 e do Main Event do PCA, faturando US$ 1.081.100.
VEJA MAIS: Atores de famosa trilogia do cinema se reencontram em noite de poker
Apesar dos imponentes resultados, a premiação da argentina não aparece entre as cinco maiores da história das mulheres em eventos ao vivo. Confira o top 5:
1º Annette Obrestad – Campeã do Main Event da WSOP Europa (2007) – US$ 2.013.733
Com apenas 18 anos, a norueguesa surpreendeu o mundo conquistando um dos principais títulos do circuito live. Além da impressionante forra, até hoje Annette é a jogadora mais nova a conquistar um bracelete da WSOP.
2º Annie Duke – Campeã do World Series of Poker Tournament of Champions (2004) – US$ 2.000.000
Para chegar ao título da competição, Annie precisou superar grandes lendas do poker mundial como Phil Ivey, Daniel Negreanu e Johnny Chan. O heads-up foi contra ninguém menos que o recordista de braceletes da WSOP, Phil Hellmuth.
3º Vanessa Selbst – Campeã do Main Event do Partouche Poker Tour (2010) – US$ 1.823.430
A americana não possui o título de jogadora que mais acumula prêmios ao vivo à toa, são quase US$ 12 milhões em premiações. No mesmo ano que assinou o primeiro contrato com o PokerStars, Selbst superou um field com 764 adversários e faturou o título do torneio.
4º Liv Boeree – Campeã do Main Event do EPT Itália (2010) – US$ 1.698.300
A única jogadora da lista que ainda é presença constante nos principais eventos do mundo. Sua maior conquista da britânica foi em San Remo, quando desbancou 1.239 adversários e conquistou o título do EPT.
5º – Vanessa Selbest – Campeã do High Roller do PCA (2013) – US$ 1.424.420
A ex-Team PokerStars Pro conseguiu colocar duas premiações entre os maiores prêmios já conquistados por uma mulher no poker. Para alcançar esse feito, ela precisou superar um field muito técnico e uma mesa final composta por Bryn Kenney, Shaun Deeb, Michael Watson e muitos outros craques.
Recorde brasileiro
Entre as brasileiras, o recorde de maior premiação em um único torneio é de Vivian Saliba. A profissional ficou com a quarta colocação no Crazy Eights da WSOP, no ano passado, e faturou o grandioso prêmio de US$ 308.888.
E não é só no poker live que elas dão show. Annette chocou o mundo do poker aos 18 anos de idade, após vencer um Sit & Go US$ 4 e 180 jogadores. Poderia ter sido só uma simples vitória, se não fosse um detalhe: a jogadora não olhou as suas cartas durante todo o torneio.
“Era um domingo e decidi colocar um papel no meu monitor e jogar esse sit de $4. Foi estranho não ter nenhum tipo de leitura, contar somente com padrões de apostas e o histórico dos jogadores”, disse a norueguesa ao PokerListings.
Para não ver as cartas, a profissional não usou nenhum software, mas um simples papel na tela do monitor, onde tapava as cartas. O torneio foi afunilando e a profissional a norueguesa seguindo no torneio. “Quanto mais eu jogava, mais ia percebendo que realmente não precisava dessa informação”.
Annete só teve noção do que estava acontecendo quando restavam apenas oito oponentes para o título. “Cheguei na mesa final e aí que me dei conta que poderia acabar vencendo o torneio, pensei quão doentio é isso? Ninguém ganha um torneio sem olhar as cartas, e decidi publicar em um fórum quando venci”.
“O poker é um jogo de leitura de pessoas e quanto mais você joga, mais entende como os padrões de apostas funcionam e como os adversários pensam”, finalizou a jogadora contando sobre a experiência.
VEJA MAIS: Por causa do Coronavírus, Kings Casino anuncia paralisação e restrição à visitantes vindo da Itália
No mesmo ano, Obrestad entrou para a história do poker e até hoje detém um imponente recorde: a jogadora mais jovem a conquistar um bracelete da WSOP. A vitória veio no Main Event da WSOP Europa. Na oportunidade ela desbancou um field com 362 entradas e faturou o gigantesco prêmio de £ 1.000.000.