No mês passado, uma dupla foi presa na França acusada de utilizar um sistema tecnológico para trapacear em mesas de poker e em cassinos. Segundo o Daily Mail, um lituano de 37 anos e um ucraniano de 63 anos foram detidos pela polícia no dia 28 de julho no resort Enghien-les-Bains, que inclui um cassino, após ganharem mais de €200.000 nas mesas de poker e Blackjack.

A matéria diz que a polícia francesa recebeu uma denúncia em junho sobre a atividade da dupla, que faria parte de uma quadrilha, e passou semanas investigando o caso até realizar a prisão. Chefe do Serviço Central de Corridas e Jogos da França, Stephan Piallat, deu mais detalhes à mídia francesa.

“Eles são apostadores experientes com métodos meticulosamente estudados”, disse Piallat. “Não são bandidos que mexem com drogas ou prostituição. Eles são claramente especializados neste tipo de crime. Parece que estão indo de país em país, atingindo um cassino após o outro, e seguindo em frente. É o que todo apostador sonha, ganhar muito todas as vezes”.

A dupla detida não tinha antecedentes criminais. No entanto, uma busca em seus quartos de hotel encontrou identidades falsas e cartões de diversos cassinos. Os dois seguem presos, acusados de “fraude organizada em quadrilha”, mas a polícia ainda não conseguiu identificar outros cúmplices.

Como funciona a trapaça?

No episódio mais recente do podcast “Only Friends”, Matt Berkey comentou o caso e deu mais detalhes. Segundo o norte-americano, rumores sobre o método já se espalhavam entre os jogadores, incluindo suspeitas de fraude similar em cash games nas Bahamas e em Las Vegas. Berkey deu mais detalhes sobre como funcionaria a trapaça.

Um dos golpistas, preferencialmente localizado nos assentos 1 ou 9, ou seja, ao lado do dealer, possuía uma microcâmera. O equipamento minúsculo poderia estar em um protect card, anel, capa de celular ou até na manga de uma camisa, por exemplo. Dessa forma, os fraudadores conseguiam capturar imagens das cartas enquanto eram distribuídas pelo dealer aos jogadores. Um exemplo hipotético do funcionamento foi mostrado por Berkey no podcast e aparece na capa deste artigo.

Essas imagens eram transmitidas para um cúmplice, localizado fora do cassino, que então passava as informações para o jogador na mesa através de um fone microscópico escondido na orelha. Para se ter uma noção, o aparelho era tão pequeno que foi necessária a ajuda de um imã para retirá-lo da orelha de um dos jogadores apreendidos pela polícia francesa. Assim, o fraudador não sabia com antecedência quais cartas estariam no board, mas podia ver boa parte das cartas de seus oponentes.

Berkey falou ainda sobre situações suspeitas pelas quais passou, afirmando que acredita já ter sido vítima de um golpe através desse método. Segundo o profissional de cash game, a melhor alternativa para impedir esse tipo de prática não é banir o uso de eletrônicos, mas alterar o procedimento dos dealers, implementando uma distribuição na qual as cartas se mantenham encostadas no feltro a todo momento, sendo “empurradas” aos jogadores.

Até o momento, é impossível saber qual a extensão desse tipo de golpe e a repercussão que o tema tomará na comunidade. Vale ressaltar que o método é muito mais difícil de ser aplicado em torneios, pois o jogador não escolhe o assento no qual estará. Assim, se torna muito mais difícil conseguir as imagens das cartas no momento da distribuição. Além disso, agora que o método foi divulgado pela polícia e por Berkey, os jogadores devem ficar mais atentos a situações e equipamentos estranhos à mesa. Em mesas televisionadas, por exemplo, é comum a proibição do uso de celulares e fones de ouvido pelos jogadores, o que também impossibilita o método.

Confira o último episódio do Pokercast: