Sempre que o poker premia com grandes cifras, alguns membros da comunidade começam a questionar a quantia que será paga em impostos sobre o prêmio. A resposta nunca é fácil, pois regras de impostos e taxas variam por diversos fatores. Dito isso, um estudo estima que quase um terço dos valores entregues na mesa final do último Main Event da WSOP será destinado a impostos.
Esse levantamento foi feito por Russ Fox, economista da Clayton Financial & Tax, de Las Vegas (EUA). O especialista, que é jogador de poker amador e amante do esporte da mente, publicou um artigo em seu blog analisando cada um dos mesa-finalistas, seus prêmios e os impostos dos quais eles se submetem.
Após analisar caso a caso, Fox chegou à conclusão de que US$ 10.054.387 devem ser destinados aos órgãos públicos. Isso corresponde a 32,38% do total entregue na mesa final, uma cifra maior que o prêmio do campeão. Sem os encargos, os prêmios somavam US$ 31.250.000.
Para onde vai a grana

Quem mais fatura com a mesa final do Main Event da WSOP é a Receita Federal dos EUA, o Internal Revenue Service (IRS). A estimativa de Fox prevê US$ 9,1 milhões para a entidade, enquanto US$ 705 mil devem ir para a Agência de Tributos da Espanha, e US$ 217 mil para o Serviço Nacional de Impostos da Coreia do Sul.
Isso porque cada um dos norte-americanos deverá contribuir com uma parcela do prêmio ao declará-lo no imposto de renda. Michael Mizrachi, John Wasnock, Braxton Dunaway, Adam Hendrix e Jarod Minghini pagarão uma porcentagem ao Governo dos EUA. E o valor aumenta no caso dos profissionais do poker, pois esses terão ainda que arcar com o Imposto de Trabalhador Autônomo.
O campeão Michael Mizrachi provavelmente verá pouco mais de US$ 6 milhões dos US$ 10 milhões ganhos por ele ao confirmar o título. Vale ressaltar que, nos EUA, também existe uma modalidade de Imposto de Renda estadual, mas nem todos os estados cobram essa contribuição. Os estados em que os mesa-finalistas residem não possuem esse tipo de arrecadação. São eles Flórida, Washington, Texas e Nevada.
Os estrangeiros nos extremos

A mesa final do Main Event da WSOP teve quatro representantes de fora dos EUA, e eles enfrentarão situações bem diferentes na hora de cumprir seus deveres com o governo. Kenny Hallaert, morador de Londres (Reino Unido), e Luka Bojovic, que reside em Viena (Áustria), poderão embolsar 100% do prêmio recebido, pois a parceria entre os EUA e os países prevê trânsito livre de valores, e tanto Reino Unido quanto Áustria isentam ganhos provenientes de cassinos.
No entanto, Leo Margets, moradora de Barcelona (Espanha), e o sul-coreano Daehyung Lee receberão taxas pesadas dos órgãos públicos federais. Na Espanha, o imposto sobre o prêmio deve ser de 47%, deixando Margets com US$ 795 mil dos US$ 1,5 milhão recebidos originalmente.
E no caso de Lee, a situação fica ainda pior para o jogador. EUA e Coreia do Sul não possuem o mesmo acordo de Reino Unido, Áustria e Espanha, e por isso, US$ 300 mil ficarão retidos pela IRS. No seu país natal, Lee ainda enfrentará uma taxa que pode variar de 6% a 45% no imposto de renda, além de 10% para contribuição estadual.
A estimativa de Fox é que Lee fique com US$ 482.788, menos da metade do prêmio de US$ 1 milhão entregue a ele pelo nono lugar. Porém, segundo o economista, ele poderá posteriormente reivindicar os US$ 300 mil retidos na fonte pelo órgão norte-americano como “crédito fiscal estrangeiro”.
Veja como ficam os prêmios da FT do Main Event da WSOP após tributos:
Colocação | Jogador | Prêmio Bruto | Prêmio Líquido |
---|---|---|---|
1 | Michael Mizrachi | US$ 10.000.000 | US$ 6.032.745 |
2 | John Wasnock | US$ 6.000.000 | US$ 3.790.106 |
3 | Braxton Dunaway | US$ 4.000.000 | US$ 2.524.527 |
4 | Kenny Hallaert | US$ 3.000.000 | US$ 3.000.000 |
5 | Luka Bojovic | US$ 2.400.000 | US$ 2.400.000 |
6 | Adam Hendrix | US$ 1.900.000 | US$ 1.202.000 |
7 | Leo Margets | US$ 1.500.000 | US$ 795.000 |
8 | Jarod Minghini | US$ 1.250.000 | US$ 768.447 |
9 | Daehyung Lee | US$ 1.000.000 | US$ 482.788 |
Total | US$ 31.050.000 | US$ 20.995.613 |