Definir quem é o maior jogador de poker da história é uma tarefa das mais ingratas. Afinal, há diversas modalidades e formatos do jogo, muita diferença entre a estratégia épocas distintas e também muita subjetividade nas jogadas para que alguém seja apontado de forma absoluta como o melhor.

No entanto, entre muitos daqueles que vivenciaram o início do poker e a ascensão e queda de Stu Ungar no jogo, não fica dúvida: ele tinha um talento até hoje incomparável. Aos 45 anos, falido e sozinho, foi encontrado morto em um quarto de motel em Las Vegas, em 22 de novembro de 1998, há exatos 20 anos.

Doyle Brunson, Stu Ungar e Jack Binion

Doyle Brunson, Stu Ungar e Jack Binion

O deprimente fim não faz jus à gigantesca habilidade do americano. Craque no jogo gin rummy desde muito cedo, aos 15 anos “The Kid”, como foi apelidado por aparentar ser mais jovem que sua idade, já começava a se destacar em jogos de poker ilegais. Com um raciocínio rápido, memória fotográfica e um grande carisma, não demorou para que ele ganhasse fama.

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Em 1980 e 1981, Ungar conquistou três títulos da WSOP, incluindo o Main Event dos dois anos. Se nas mesas não havia adversários à altura, fora delas o vício em cocaína, festas e apostas em corridas de cachorro e cavalo foi mais forte do que o americano, que rapidamente se desfez dos mais de US$ 700 mil conquistados na época.

“Você não teria qualquer experiência igual a de ficar do lado dele. O estilo de vida dele era completamente maluco. Stu era absolutamente insano”, conta o co-autor da biografia de “The Kid”, Nolan Dalla. “Ele tinha US$ 200 mil e ia ao banheiro, via uma corrida de cachorros na TV e apostava. Ao voltar, o dinheiro já tinha ido”.

Stu Ungar

Stu Ungar

Para se ter uma ideia, mesmo com mais de US$ 3 milhões em premiações de torneios ao vivo na carreira, Ungar nunca chegou a abrir uma conta em banco, sendo conhecido por andar com generosos montantes nos bolsos. Dezessete anos após o primeiro título e falido pelo estilo de vida intenso, ele conseguiu o buy-in do Main Event emprestado de Billy Baxter e fez uma histórica reaparição na WSOP.

Ali, no último grande momento de sua vida nas mesas, Ungar voltou a vencer o torneio, se tornando tricampeão e faturando o prêmio de US$ 1 milhão. Após entregar metade do valor a Baxter, o destino de sua parte não chega a surpreender. “Cada um ficou com metade e ele gastou tudo em quatro meses em jogos e drogas”, contou Dalla. “Em 1998, última WSOP que participaria, ele nem apareceu. Ficou no quarto sem condições, enquanto lá embaixo guardavam um lugar para ele”.

Stu Ungar

Stu Ungar

Com um talento gigantesco, uma vida sem limites e um fim trágico, a trajetória de Stu Ungar traz muitas lições. Se não foi exemplo de vida, o gênio se eternizou ao conseguir, em pouco tempo, colocar seu nome para sempre na história do poker.